Estamos há um longo período convivendo com uma doença nova e perigosa, hoje (15 de agosto) são pelo menos 5 meses. Muito tempo em que falamos e ouvimos falar de morte e doença, lidando com perdas diversas. Psicólogos terão que tratar muitas sequelas dessa fase de confinamento e luto. Historiadores terão muito a estudar, tentando esclarecer o encadeamento dos fatos. Médicos enfrentarão doenças remanescentes, ou associadas a essa epidemia. Cada um de nós fará uma análise sobre o que passou, provavelmente terá uma história pessoal para contar.
Como economista e empresária, penso frequentemente nas “sequelas” econômicas da pandemia. Como lidaremos com tudo isso? Como serão as novas formas de produzir, distribuir, consumir? Quão diferentes serão nossas relações de trabalho, nossos investimentos? Como será nosso comportamento relacionado à poupança e aos gastos desnecessários? Será que seremos mais cautelosos e vamos nos prevenir poupando para o futuro? Ou vamos pensar mais em aproveitar a vida antes que venha outra catástrofe e nos tome tempo de convivência e entretenimento? Vamos investir mais em saúde, consumir mais produtos locais, apoiar pequenos negócios, ser mais solidários? Ou nos tornaremos mais egoístas e pensaremos só nas nossas necessidades?
A economia às vezes parece uma ciência exata, mas não é. Ela é o reflexo do comportamento humano, e esse comportamento não é racional e previsível. As nossas decisões, muitas vezes, não são determinadas pelo cálculo lógico e racional dos prós e contras, e sim pelo modo que nos sentimos, pelas nossas emoções.
Além disso, o desempenho da economia também está intimamente ligado às expectativas. Como imaginamos o mundo nos próximos meses ou anos vai moldar a realidade econômica. Porque para investir, gastar, fazer planos, nós levamos em conta o que esperamos do futuro. Nessa época de incerteza, mesmo as expectativas estão confusas. Como imaginamos que será nossa vida daqui a um ou dois anos?
É difícil prever como será o mundo pós pandemia, mas temos uma pista: o mundo será como nós seremos. De certa forma, o futuro está em nossas mãos.