Observamos nos últimos anos uma mudança interessante no economia, relativa ao trabalho doméstico. O trabalho doméstico como profissão era extremamente desvalorizado, exercido em geral por aquelas pessoas que não tinham tido oportunidade de seguir outras carreiras, com pouca instrução. Algumas mudanças recentes criaram novos desafios. Com direitos trabalhistas equivalentes às demais profissões e salários mais altos, empregos domésticos passaram a ser mais atrativos. Ao mesmo tempo, as novas regras podem ter eliminado alguns postos de trabalho. Muitas famílias optaram por deixar de contratar esse profissional, e o número de prestadores de serviços autônomos, como as diaristas, aumentou.
Nos países mais desenvolvidos, com uma classe média mais numerosa, a contratação de profissionais domésticos é cara e a oferta, restrita. Essa realidade tem duas consequências principais: as famílias se organizam de forma diferente, dividindo tarefas e reduzindo a necessidade de contratação de mão de obra, e a mão de obra existente tende a ser mais qualificada (havendo inclusive formação técnica para serviços domésticos em alguns países), com valorização social desses trabalhadores.No Brasil, no entanto, parece que esses fenômenos ainda são incipientes. Observa-se que muitas vezes a qualificação dos profissionais domésticos ainda é baixa e o treinamento específico para essas tarefas é escasso. E com relação às famílias, é menos comum que haja uma preparação dos filhos para desempenhar as tarefas dentro de casa.
Mudanças econômicas são sempre desafiadoras para a sociedade, mas com o desafio surgem oportunidades. Na questão do trabalho doméstico, podemos observar que há um nicho de mercado interessante – a prestação de serviço doméstico qualificado e de treinamento para esses serviços. As pessoas que pagam mais para ter um funcionário em casa, também exigem desempenho melhor e mais profissionalismo, o que estimula a qualificação. Por outro lado, é uma oportunidade para as famílias que precisaram dispensar esse trabalho, podem reorganizar as tarefas e envolver os filhos na administração da casa. Saber limpar, organizar, cozinhar, fazer compras corretamente, melhora a qualidade de vida, gera economia e prepara as novas gerações para desafios pessoais e profissionais no futuro.