Dois jovens invadem uma escola, matam estudantes e cometem suicídio em São Paulo. No mesmo dia, em Três Passos, o pai e a madrasta de um menino morto aos 11 anos são julgados pelo seu assassinato. Uma estudante é morta pelo namorado em Santa Maria. Outros jovens apoiam assassinos nas redes sociais. Na nossa cidade uma jovem cometeu suicídio, aparentemente sofria de depressão após ter sido vítima de abuso.
Essas, entre outras, são as tragédias que povoam as notícias nos últimos dias. A impressão que tenho é que estamos caindo num abismo. Parece que não é possível que exista tanta maldade e dor bem ao nosso lado. Entre a perplexidade e a tristeza, duas perguntas me assombram:
Desviando o olhar das vítimas para os algozes, indago quem são esses que matam, abusam, torturam e fazem apologia ao crime. Como se formam essas personalidades capazes destruir pessoas próximas? Há tantos psicopatas entre nós? Ou pessoas comuns, geralmente boas, transformam-se em monstros em determinadas circunstâncias? E quais são essas circunstâncias?
E a outra pergunta, mais inquietante ainda: Como é a sociedade que abriga essas pessoas? Como permitimos que tantas tragédias ocorram? Como é possível que um pai maltrate e mate um filho sem que ninguém tome uma atitude? Como é possível que adolescentes se armem e planejem um massacre sem que ninguém perceba? Que sociedade é essa onde tantas mulheres são agredidas e desrespeitadas repetidamente, sem que ninguém interfira? Onde estão os amigos, onde está a família, os vizinhos, colegas? Onde estamos nós?
Quando tantos casos de violência surgem, é impossível não enxergar um problema maior, mais profundo e sistêmico na nossa sociedade. É impossível não se perguntar o que está acontecendo. A sociedade que gera o assassino é a mesma que ignora o risco que correm as vítimas. Como pode um mal tão grande germinar e florescer entre nós? Como não vemos os sinais? Como não conseguimos ajudar a tempo? Precisamos agir, antes da próxima tragédia.
Tatiana François Motta