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O importante é ser feliz?

Todo mundo quer ser feliz. Há livros, cursos, vídeos, palestras e terapias de todos os tipos partindo dessa premissa. Há algum tempo li sobre duas universidades oferecendo disciplinas sobre felicidade no currículo de cursos superiores. Parece que o assunto é discutido desde o ponto de vista médico até o místico, passando pelo pedagógico. Nada contra a felicidade, também me importo com ela. Só não tenho certeza se persegui-la assim dá resultado.

Num vídeo recente, o filósofo Luiz Felipe Pondé fala sobre as interpretações da felicidade, que nem sempre esteve relacionada ao prazer. O conceito muda no tempo e no espaço, hoje a visão que se tem de felicidade está relacionada justamente à satisfação pessoal. Claro que é importante que nos sintamos bem, realizados nesse sentido pessoal, mas não sei se isso é de fato o mais importante da vida. Ser equilibrado e viver em paz, acho que é muito importante. Ter saúde, fundamental. Em termos de metas, acho que deveríamos almejar ser boas pessoas, ser úteis e fazer a diferença para um mundo melhor. A felicidade deveria ser consequência.

O fato é que atualmente a busca pela felicidade alimenta um enorme mercado, porque o mundo nos convence que ser feliz depende do consumo. E desde roupas até viagens, cursos, terapias ou experiências, tudo é consumo. Consumimos antidepressivos, livros sobre meditação, treinamentos e vivências, porque sentimos quase uma obrigação de sermos felizes. Acho que como um comportamento social generalizado, isso acaba sendo um pouco egoísta. Cada um pensando só na sua realização.

Além disso, essa obsessão por felicidade a qualquer custo, como a meta mais importante, um objetivo onipresente, também acaba sendo uma tortura. Se não estamos constantemente felizes é como se tivéssemos fracassado na nossa trajetória de vida. Isso traz ansiedade e frustração. Penso que a felicidade não tem como ser um estado permanente. Tristeza também é natural, talvez até fundamental. O melhor seria buscarmos objetivos diversos, não só pessoais, mas comunitários, globais, e entre outras conquistas talvez alcançássemos a felicidade.

Tatiana François Motta

Redação
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