O tempo não para. Não há um início ou fim, apenas uma sequência de acontecimentos, estações, sensações. Mesmo assim, convencionamos dividir o tempo em horas, meses e anos, que começam e acabam. E então, cada vez que o calendário nos avisa que chegamos a um final de um ano, temos a sensação de estar encerrando um ciclo. Sentimos a necessidade de apressar várias coisas, resolver pendências, encerrar projetos, como se fosse preciso entrar no novo ano sem dívidas com o passado.
Muitos de nós acabam sobrecarregados de atividades nesse período. Ficamos cansados, e às vezes frustrados, pois não conseguimos comprar todos os presentes, arrumar todos os armários, ir a todas as festas, mandar todas as mensagens. Gastamos muita energia, e às vezes mais dinheiro que o recomendável, para atingir uma meta muito difícil, e iniciamos o ano novo devendo – tempo, dinheiro ou atenção.
Nosso estilo de vida atual nos impõe metas, desafios e cobranças. Temos que ser eficientes, capazes, alegres, saudáveis, perfeitos. Mas isso não é possível. A economia ensina que os meios são sempre escassos, para objetivos e desejos infinitos. O tempo é limitado, a saúde, a alegria, o dinheiro também. Como seres humanos, apesar de desejarmos muito ou tudo, só conseguimos uma parte. E isso deveria nos deixar satisfeitos. Se não podemos ter a perfeição, ou o ideal, vamos nos concentrar no que é fundamental. Acho que é mais importante estar presente do que dar presentes. É mais importante ter tempo para conversar e rir do que tempo para se produzir e fazer compras.
É mais importante abraçar e escutar as pessoas queridas do que ter a melhor decoração ou a comida mais sofisticada. Se não conseguirmos fazer tudo e estar com todos até o final do ano, lembremos que o tempo não para, que teremos todos os dias de 2019 para conviver, sorrir, abraçar e sermos o mais felizes possível. Vamos aproveitar para encerrar 2018 satisfeitos, agradecer e iniciar 2019 leves e preparados para aceitar o que vier.
Tatiana François Motta – Economista