Numa definição ampla, a economia é uma ciência social que estuda o uso dos recursos para satisfazer as necessidades humanas, estuda a dinâmica de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. É uma matéria complexa, que trata não só de questões materiais e matemáticas, mas também dos desejos, impulsos e comportamentos nem sempre racionais dos agentes econômicos.
Hoje, o entendimento do que seja economia está muito ligado à economia industrial capitalista, e às vezes somos levados a pensar que essa é “a única economia”. Quando observamos algumas questões atuais, como esgotamento dos recursos naturais, crise de emprego, desafios e oportunidades apresentados pelas novas tecnologias, o entendimento da economia como algo mais amplo pode ser útil para expandir nossa compreensão do mundo.
A organização econômica capitalista, centrada na produção industrial e no consumo de massas, é um modelo que foi bem-sucedido por mais de um século, viabilizou avanços científicos e tecnológicos importantes, aumentou a expectativa de vida das pessoas, produziu conhecimento e alterou comportamentos e regras sociais, muitas vezes em benefícios de minorias. Mas hoje, se olharmos para o modelo mais bem-acabado desse tipo de sociedade, que seriam os países da América do Norte e da Europa Ocidental, vamos perceber que é impossível que o mudo todo atinja esse nível de consumo e possa viver esse estilo de vida. Somos levados a crer que o objetivo do desenvolvimento econômico é que todos os países se tornem iguais aos Estados Unidos ou à Alemanha, por exemplo, mas se refletirmos sobre o volume de recursos que é necessário para isso, veremos que é uma meta inatingível.
Penso que estamos em um momento que nos obriga à reflexão. Para além das opções já testadas de capitalismo, comunismo, socialismo, devemos pensar em como é possível organizar a produção, distribuição e consumo para alcançar as necessidades das pessoas, de todas as pessoas, de forma justa e sustentável. Talvez possamos observar como se organizam economicamente regiões e comunidades variadas, observar as experiências bem-sucedidas de cooperação e colaboração que hoje já ocorrem em diversos setores, e criar algo novo. Temos conhecimento e tecnologia suficientes para agirmos de forma inovadora para resolver o problema fundamental da ciência econômica, e da sociedade, que é como adequar recursos limitados a necessidades humanas ilimitadas, sem destruir o planeta no processo.
Tatiana François Motta – Economista