Evolução, Emoções e Livre-arbítrio

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Existem milhões de espécies habitando este magnífico planeta e, dentre elas, o ser humano é uma das espécies. Portanto, considerando as probabilidades, é notório dizer que nascer como ser humano não é algo fácil, nem simples, nem comum.

E, mesmo que você observe o processo sob uma perspective evolucionária, existem milhões de anos entre os símios e os seres humanos. Em outras palavras, o macaco não se tornou uma pessoa do dia para a noite.

Além disso, se você observar o processo pela lente da reencarnação onde o nascimento humano é resultado de ações que cometemos em vidas passadas, mesmo assim, não é algo banal ou superficial.

No entanto, uma vez que somos agraciados com um corpo humano, seja por evolução ou por reencarnação, já não mais estamos sob o jugo da natureza, pois agora temos uma rara e sublime capacidade chamada livre-arbítrio, à qual está plenamente em nossas mãos e que podemos utilizar para aprimorar o nosso processo evolutivo.

Um animal, pelo contrário, é desprovido desta extravagante e imensa liberdade de escolha e, em seu natural ciclo, a vida chega a sua plenitude se ele consegue chegar à vida adulta e procriar, essa é o pináculo de seu processo evolutivo, pois, um animal não possui a faculdade de aprimoramento emocional, com exceção ao que é programado à sua espécie. Em outras palavras, não saímos por aí conversando sobre a maturidade emocional dos animais.

O ser humano, similar aos animais, também precisa se alimentar e se proteger de doenças fatais ou acidentes para atingir a idade adulta física.

No entanto, o desenvolvimento emocional não acontece naturalmente como o desenvolvimento físico, pois o amadurecimento emocional é 100% independente da natureza e 100% dependente da volição individual, ou seja, o crescer físico acontece independente de nossas vontades, mas o refinamento emocional somente acontece quando alocamos tempo, vontade, disciplina e esforço na sua senda.

Em outras palavras, ao nascer, somos todos igualitariamente ignorantes, mas após atingir a idade onde não mais dependemos dos pais ou da sociedade para lidar com nossas emoções, os caminhos se tornam múltiplos, distintos e, às vezes, opostos.

No entanto, independentemente disto, o fato de que eu sou o supremo responsável pelo meu desenvolvimento emocional, brinda-me a maior de todas as liberdades, que é a liberdade de escolher evoluir sentimentalmente, de priorizar o meu aprimoramento afetivo, de dar augustos e sagrados retoques no meu caráter anímico.

E, como resultado desta sapiência, a cada minuto de minha existência emocional, tenho o livre arbítrio para escolher ser menos agressivo e mais compassivo,

menos intolerante e mais flexível,

menos egoísta e mais coletivo,

menos rude e mais terno,

menos autoritário e mais razoável,

menos avarento e mais altruísta,

menos vingativo e mais perdoador,

menos raivoso e mais harmônico,

menos invejoso e mais autoconfiante,

menos opressivo e mais magnânimo,

menos sozinho e mais conectado,

menos indiferente e mais solidário,

menos severo e mais carinhoso

 e, acima de tudo, menos vazio e mais amoroso.

 

Tudo isto e muito mais, são excelsas sendas de refinamento, de aprimoramento e de desenvolvimento que estão disponíveis igualitariamente para todos os membros da espécie humana, mas que depende de cada um de nós utilizar o nosso livre-arbítrio para caminhar por tão esbeltas paisagens e, ao fazê-lo, contribuir para o processo evolutivo individual e coletivo ao mesmo tempo em que cumprimos com uma das mais nobres premissas da vida que é o desejo de sempre deixar a situação, ou a realidade, do seu entorno melhor do que aquela que você recebeu, principalmente no aspecto emocional e sentimental. E esta, é uma inalienável garantia de evolução humana.

E, sob o ponto de vista individual, este é o seu presente para ter tido o privilégio de nascer como um ser humano num planeta que possui milhões de outras espécies. 

 

Como citar este Fascinante Pensar:

Cargnin dos Santos, Tadany. Evolução, Emoções e Livre-arbítrio.