Consagrada Construção

17

A criança foi até o sótão e encontrou um caixote abandonado

Levou até o seu quarto e o encostou à parede direcionada ao oriente

Depois, no guarda-roupa, pegou seu paninho adorado

E cobriu o caixote, que ficou macio e reluzente

Caminhou até o jardim onde coletou uma pontiaguda pedrinha

No caminho colocou água dentro de um pequeno pote

E, antes de regressar ao quarto, ainda recorreu uma velinha

E um pedaço de incenso que o lembrava um intenso archote

Além disso, foi à sala e pegou uma foto da família

Voltou ao quarto e dispôs tudo encima do seu apreciado cantinho

Água, foto, pedra, incenso, vela, uma intensa alegria

E uma estatueta daquele que ele considerava seu adorável amiguinho

Enquanto isto, a Mãe que impressionada e alegre a tudo assistia

Entrou no quarto quando viu a criança, em frente ao seu projeto, se ajoelhar

E docemente perguntou sobre o que aquilo consistia

Ao que a criança, inocentemente, respondeu: “Mãe, este é o meu altar!”

A Mãe ainda mais curiosa, inquiriu: “De onde você tirou tanta imaginação?”

A criança contestou: “Foi uma dica que recebi do meu amiguinho

Aquele que todos os dias está com a gente durante a oração

E que quando a senhora está triste, invisivelmente lhe faz carinho”

E uma mistura de surpresa, emoção e alegria

Invadiu a essência da Mãe, que começou a chorar

Então a criança que, em sua inocência, sentiu uma sublime energia

Convidou sua Mãe e seu amiguinho, para inaugurarem seu altar.