Buscando Palavras

114

Existe uma busca constante em minha vida, estou sempre procurando palavras.

E as busco para expressar-me, para entender-me ou para revelar-me.

Algumas vezes, acho que elas não existem e, no pavor e na angústia de possivelmente não encontrá-las, me esqueço que poderia inventá-las.

Então, sigo a caminhada.

Outras vezes, busco aquela palavra, a ideal, a melíflua, a insubstituível. Aquela que dará essência à frase, ou ritmo à leitura e, principalmente, coerência ao pensamento.

Também tem os dias que, por preguiça ou desânimo, qualquer palavra me consola e, em tais momentos, noto que até as palavras corriqueiras e mundanas possuem suas indeléveis belezas.

Existem dias que busco aquelas palavras inóspitas, quase que desconhecidas, mas que por sua raridade, adicionam um inestimável valor à composição.

Outros dias, ando por pútridos brejos e apavorantes cavernas atrás daquelas palavras soturnas, quase horripilantes, que descrevem os tenebrosos medos e pavores dalguns pensamentos que imploram por se expressar.

E assim sigo, neste esforço de encontro com as palavras, intenso, natural e esperançoso como o sol perseguindo a lua.

E finalmente, compartilho que também existem os dias em que as palavras me buscam, mas esta é outra história que, quando elas me encontrarem novamente, contarei para vocês.

Enquanto isto, seja buscando palavras, ou sendo encontrado por elas, que as palavras sempre se exaltem, pois seus símbolos são o oráculo que revela o início, o meio, o fim e a unidade do todo.