Embora esteja um pouco distante do processo, já não leciono mais, do estado pedi exoneração (era concursado) e no ensino privado (URCAMP e UNIJUI), também me afastei por razões de ordem particular, embora tenha um profundo gosto e respeito por todos aqueles que teimosamente permanecem na frente das crianças, dos jovens e também adultos que buscam aperfeiçoamento. Merecem minhas congratulações e aplausos.
Entretanto, ao longo dos tempos todos nós vemos que os governos sem exceção não querem que o povo como um todo tenha acesso ao saber. E vejam bem, não é este humilde escriba que faz uma afirmação sem base.
O Censo Escolar levado a efeito no último ano (2017) nos mostra um quadro avassalador, caótico e altamente desestruturante.
O levantamento patrocinado pelo governo, demonstrou claramente e com números que houve queda nas matrículas nos ensinos fundamental e médio.
As reduções ocorreram no Ensino Fundamental, queda de quase dois milhões, isso mesmo dois milhões de matrículas, e no ensino Médio quase meio milhão.
Nos parece que existem dois pontos fundamentais para que esse quadro seja a realidade atual:
Primeiro, há uma defasagem no processo ensino-aprendizagem, especialmente no ensino médio, onde as avaliações são subjetivas e não é permitido ao aluno repetir de série. Aquelas avaliações com notas e conceitos concretos e matemáticos, não existem mais, infelizmente.
O segundo ponto é estrutura física onde estão/são recebidas as crianças e jovens. Mais de sessenta por cento (61,1%) das creches não têm banheiro adequado à `Educação Infantil. Quase quarenta e seis por cento (45,7%) não têm salas de leitura e biblioteca, e um percentual de quase noventa por cento (88,5%) não possuem laboratório de ciências. Ah! Também o percentual é muito alto nos laboratórios de tecnologia.
Os governos afirmam que não existe dinheiro para fazer o que deve ser feito. O poder legislativo, fica apático e legislando em causa própria. Finalmente o Poder Judiciário, só se manifesta se houver uma parte que coloque esse quadro em questão. Como o povo é “concordino” e pacífico, essa situação permanece e se agrava a cada ano.
No meu pensar, ou se faz uma mudança radical, passando pelo aperfeiçoamento do sistema, incluindo o aprimoramento intelectual dos professores e respectivamente um pagamento digno pelo exercício de tão importante mister, ou em um curto espaço de tempo teremos uma legião de analfabetos funcionais, que não pensam, não articulam a fala, não constroem um a ideia capaz de levar a um fim. Parece ser esta a intenção dos governantes das últimas duas décadas.
É o que penso.
Janeiro de 2018
Dr. Modesto Roballo Guimarães.
OAB/RS 21085