Crônicas do Marrocos

237

O Marrocos está localizado no norte da África, no Magrebe (do árabe “al magrib”: onde o sol se põe, ou seja, a oeste de Meca, cidade sagrada para os muçulmanos), e apresenta distintas paisagens em uma área relativamente pequena (equivalente aos territórios de Rio Grande do Sul e Paraná somados): praias (Mar Mediterrâneo ao norte e Oceano Atlântico a oeste), montanhas (a cadeia do Atlas, com diversas estações de esqui, divide geograficamente o país) e o deslumbrante deserto do Saara, que, por sua amplidão, guarda alguma semelhança com os nossos pampas. As principais cidades marroquinas são Rabat, a capital administrativa, em que vive o rei Mohamed VI e onde estão localizadas as Embaixadas estrangeiras; Casablanca, a capital econômica, que, com mais de 6 milhões de habitantes, pode ser considerada a São Paulo do Marrocos; Marraquexe, a capital turística da África, que atrai multidões de visitantes todos os anos; Fès e Meknes, que foram capitais imperiais no passado; e Tânger, de onde se avista, em dias claros, a costa espanhola, separada do território marroquino pelo Estreito de Gibraltar.

O Marrocos tem uma população aproximada de 37 milhões de habitantes, com invulgar talento para os idiomas, já que aqui convivem facilmente cinco línguas: o árabe clássico, estudado na escola e utilizado nos programas televisivos; um dialeto do árabe (o “dharija”), misturado a muitas palavras do francês; o próprio francês, herdado da colonização francesa entre 1912 e 1956; o “amazigh”, língua berbere dos povos do deserto; e o espanhol, muito falado no norte do país. Sem mencionar, claro, a influência crescente do inglês, cada vez mais utilizado pelos jovens e pelo setor do turismo.

A gastronomia local é farta e inclui pratos berberes como o cuscuz (sêmola de trigo com vegetais e carne) e o tajine (cozido de legumes com carne), além de espetinhos de carne ou frango (“brochette”, em francês), muito populares, semelhantes ao xixo gaúcho. Os doces marroquinos também são deliciosos e uma tentação para os olhos e o paladar. Algo que me surpreendeu aqui, e do qual não tinha conhecimento, foi a alta qualidade dos vinhos marroquinos, produzidos no país desde a época dos romanos. Durante o protetorado francês, a produção ficou mais qualificada e alguns rótulos têm inclusive sido premiados em concursos internacionais, com destaque para os brancos e rosés, devido ao clima, mas também há bons tintos.

Não poderia encerrar estas linhas sem breve menção à diversidade do artesanato marroquino, presente em todos os mercados (“souks”) locais, e aos famosos tapetes, cuja variedade de cores e tecidos é impressionante. Contudo, para comprar um pequeno vaso ou um tapete imenso, o turista terá que se adaptar à tradição árabe de barganhar o preço, que nunca é efetivamente aquele mostrado na mercadoria. A arte de seduzir o cliente, criando uma atmosfera mágica com o aroma inebriante do tradicional chá de menta, faz parte da essência do marroquino, que, muito cordato, busca sempre agradar o visitante.

Minha recomendação, para quem vier por estas terras, é deixar-se envolver pelo país e por sua gente, afinal você está no Marrocos!