M U D A N Ç A II

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A palavra da ordem do dia é hoje: “fatos alternativos”. Usado pelo chefe do cerimonial da Casa Branca depois da posse do Sr. Trump. O que era deixou de ser. Falo do povo que estaria presente na Posse do Obama e o que esteve na posse do atual Trump.

Ocorre que aqui no nosso país também há “fatos alternativos”. A reforma da previdência é uma delas. Já escrevi sobre o tema e minha posição é por demais conhecida. Penso que devemos ver a previdência com olhos técnicos sob pena de daqui poucos anos não existir nada disso que ainda hoje se vê.

O propalado “rombo” da previdência é um ensaio de química e verborragia alucinadamente criada e alimentada pela grande mídia, que recebe as benesses do governo atual e passados.
Ninguém de bom senso e minimamente informado destoa de que a dívida dita da previdência existe porque os governos aprovaram a DRU (Desvinculação das Receitas da União).

Vale lembrar que a previdência não é alimentada somente pelas contribuições dos empregados e patrões.

O governo atual mascara a verdade. Omite os verdadeiros números e quer jogar nos ombros da classe menos favorecida o que não faz, e deveria fazer.

Uma das vozes mais abalizadas sobre previdência, Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse à imprensa que a previdência sofre com a crise, mas o mal maior são os agrados que os governos fazem aos empresários sob forma de isenções. A professora afirmou que somente no ano de 2015 a Previdência Social foi saqueada em mais de R$170 bilhões, isso mesmo bilhões; sem exigência de quaisquer contrapartidas.

Outro fato analisado pela ilustre acadêmica: o governo não cobra uma dívida de mais de R$ 350 bilhões que empresas devem.

É claro que mais fácil é jogar tudo isso nas costas do “burros de carga” que ao fim e ao cabo somos todos nós.

Outro fato aventado pelo governo é de que existe uma expansão demográfica, especialmente dos brasileiros que atingem uma idade avançada.

Ora isso é mais um embuste. “Não existe um determinismo demográfico”. Declara outra voz de peso no contexto de conhecimento da Previdência. Eduardo Fagnani, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho.

Aliás, a vingar as reformas como estão alinhadas, o governo irá empobrecer ainda mais os idosos. E não é difícil de ver isso. Basta analisar quanto alguém com mais de 50/60 anos gasta com medicamentos e planos de saúde. E vejam bem não estamos falando em alimentação adequada e lazer, isso é um luxo que a poucos é permitido.

Em que pese nosso entendimento que é necessária uma reforma e não somente na previdência, mas em todos os setores produtivos do nosso país, essas mudanças não podem ser feitas sem uma discussão com toda sociedade, vez que esta é a que irá sofrer mais com os erros da tecnocracia governamental.

É o que penso.
Janeiro de 2017

Dr. Modesto Roballo Guimarães.
OAB/RS 21085