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Minha rua pede socorro!

A rua onde moramos é, normalmente, uma extensão de nós mesmos. Com os anos, entranhamos na alma os sentimentos dela, dos seus sulcos e fendas. Como os vizinhos, que viram parentes próximos, conosco compartilhando angústias e conquistas, também a rua é cúmplice e companheira do nosso cotidiano. Pois a minha rua está doente. E isso dói. E preocupa.

A bem da verdade, é caótica a situação da Travessa Francisco de Oliveira Gay, a rua onde moro. Localizada em uma área baixa, à entrada do bairro Betim, está numa região de solo inconsistente, com drenagem precária e ainda sujeita a alagamentos. Tudo, porém, com correções possíveis. Só que com obras de infraestrutura sempre insuficientes. Trânsito pesado piora a situação. Em ponto próximo a minha casa, uma cratera, hoje, engole ou entala veículos desavisados.

As calçadas praticamente inexistem. E, não raro, área destinada a passeio público dá lugar a depósito de galhos ou a viçosos pastiçais. Mas é uma das melhores regiões da cidade para viver. Tanto que, a trancos e barrancos, também se urbaniza. Duas vistosas construções residenciais, uma delas um condomínio, estão em andamento na minha rua.

Pena que minha rua esteja doente. E a causa é, há tempos, sabida: os remédios que recebe sempre são paliativos. A situação é mais ou menos como daquele paciente que depende de um transplante e está na fila de espera, apostando na sorte.

Não ignoramos as dificuldades enfrentadas pela administração municipal, diante de demandas que só crescem, mas uma hora dessas, quem sabe, nosso paciente consegue sair da fila. O caso chegou ao limite da exaustão. Se a nossa rua receber o socorro que suplica, não apenas a memória do vereador Francisco de Oliveira Gay se verá agradecida, mas também a vida e a alma dos seus moradores, zelosos por cidadania.

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