Uma Análise Sobre o Medo

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Quando cuidadosamente analisado, o medo é um dos mais falaciosos, enganosos e inúteis sentimentos que um ser humano pode ter, pois ele é, quando validado, uma feroz armadilha que possui a capacidade de aprisionar, ou de impossibilitar, a volição humana principalmente nos momentos em que ela é extremamente necessária.

A maioria dos seres humanos, frequentemente por medo, abdicam de tentativas, ou de ações, que poderiam conduzí-los a patamares mais auspiciosos, admiráveis e livres em suas vidas, tanto no aspecto relacional quanto intelectual, profissional ou espiritual

Em outras palavras as pessoas não tentam pelo simples medo de falhar,

ou de não se sentirem qualificados,

ou por desvalorizarem-se,

ou por esquecerem o que deve ser dito ou feito,

ou por não terem coragem para seguir adiante,

ou por não terem disciplina para persistir,

ou por temor à críticas,

ou por não serem amado,

ou por acharem-se incapaz de alcançar o resultado esperado e assim por diante numa infinidade de impossibilidades maquinadas pela mente, as pessoas acabam desistindo até mesmo antes de tentar ou, por outro lado, procrastinando até o momento onde o medo já desapareceu, mas que entrementes foi substituído pela medrosa crença na impossibilidade daquilo que algum dia foi possível.

E os sintomas não param por aqui, outros sub-efeitos do medo quando legitimado, é a veracidade de que ele gera atitudes de inanição, de procrastinação, de desvalorização, de fraqueza, de descrença, de tensão, de censura e de condenação na psique individual.

Então, é importante analisar, como o medo tem suas premissas validadas pelas pessoas? Qual a sua origem?

Certamente a resposta é complexa, mas tentarei jogar algumas luzes nestas horripilantes percepções

Uma das magias da vida é o nascimento de um bebê, pois o mesmo é considerado uma obra perfeita, doce e graciosa que embeleza o quotidiano da família, ou seja, para um bebê é desnecessário qualquer esforço para ser o centro das atenções, mesmo dormindo eles despertam admiração nas pessoas e, talvez inconscientemente, eles sabem disso, pois, a todo o momento, eles estão demandando atenção total dos pais e, em dado caso que isto não aconteça, por meio do choro, efetivamente eles se fazem notar.

Com o passar do tempo, quando os bebês iniciam sua jornada de independência por meio dos primeiros passos, a liberdade, a coragem e a curiosidade fazem parte de suas buscas e experiências, isto é, até então, inexistia alguma força cerceadora de suas possibilidades. No entanto, a partir de certo momento, entram pais, familiares e sociedade que, infelizmente, possuem um condicionamento limitado e que, mesmo sem pensar, iniciam um processo sem misericórdia de implementação do medo no inconsciente das crianças por meio de frases como “não faça isto que é perigoso”, “se você fizer isto o bicho-papão virá te pegar”, “não tente isto porque teu pai(ou mãe) não gosta” “se você agir assim seus pais ficarão brabo”, “se você não me ouvir o papai do céu irá te castigar”, etc.etc.etc..

Então, após massivos bombardeamentos cognitivos, aquela criança que antes era audaz, intrépida e inocente, por respeito e por ignorância, começa a acreditar naquilo que os adultos lhe impõem errônea e frequentemente até o momento em que, inconscientemente, tudo aquilo torna-se realidade e, como resultado, o medo nasce na mente do ser humano.

Mas aí outra pergunta nasce, para alguém que já foi exposto a tais condicionamentos, como é possível entender as falaciosas e efêmeras raízes do medo?

Em primeiro plano, é de vital importância entender que se o medo fosse natural, todos os bebês e, consequentemente, todos os seres humanos seriam naturalmente medrosos, o que é uma irrevogável e perceptiva inverdade.

Depois, mesmo que existam acontecimentos indesejáveis, funestos ou perigosos, isto não significa que eles devam despertar medo, pois as ocorrências são fatos, e fatos devem ser analisados e lidados da melhor maneira que cada pessoa puder. Por exemplo, que uma picada de aranha pode ser danosa, ou letal, é um fato, mas isto não significa que o medo às aranhas deva ser incitado na mente das crianças visto que nem toda a aranha é venenosa e, neste caso, apenas o ensinamento é suficiente para que as crianças e as pessoas tenham certo cuidado, em outras palavras, a educação é o antídoto para errôneas percepções.

E além disso, mesmo que o medo já faça parte do quotidiano pessoal, ele é apenas uma concepção baseada em exposição a condicionamentos passados, ou seja, o medo é nada mais do que um pensamento e, como um pensamento, ele não possui longevidade, nem poder temporário, isto é, ele vem e vai como todos os pensamentos e, consequentemente, pode ser amavelmente dilacerado do consciente humano por meio de um trabalho de desvalidação das premissas que o criaram.

Em resumo, quando você entende a enganosa, a efêmera e a nociva realidade sobre o medo, você claramente principia um magnânimo processo de remoção de tais sentimentos de sua vida e, como resultado, uma nova e vivificante aurora de coragem, de perseverança e de destreza abrilhanta um intrépido, confiante e valente amanhecer pessoal.