TUDO IGUAL

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TUDO IGUAL, MAS TUDO MUITO DIFERENTE

Alguém vai ter que desenhar, reinventar, ou fazer-nos enxergar com clareza esta realidade que estamos passando.

Que verdade é esta que está se tornando um enigma? Parece-nos uma verdade misteriosa. Perplexos frente a uma realidade que não nos pertence, desvinculada do nosso eu honesto. Há tantas informações que nos enchem de pressentimentos nefastos.

A poesia, a música, as artes plásticas, parecem ser nosso refúgio, porque os algozes nos perseguem. São fantasmas de um lugar que temíamos quando criança. As estórias infantis, os Pinóquios, as Bruxas, nos perseguem dia e noite. Hoje estamos mais para Halloween do que para sonhos de contos de fadas. Real pressentimento de nossa existência atual.

Relembro uma poesia de Gilberto Gil em “Dão”:

O amor da gente é como um grão
Uma semente, uma ilusão
Tem que morrer para germinar
Plantar n’algum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa caminhadadura dura
Caminha pela estrada dura.
Estamos em perigo,
Não pense em separação,
Não despedace seu coração.
Não podemos deixar o amor morrer
A caminhada é dura
É uma cama de tatame vida afora.

Quem lembra ainda da canção “Mourada”?

O dinheiro que lhe dei pro tamborim
Não foi p’rá gastar “lá fora”
E depois jogar a culpa em mim.
O que lhe dei é do Brasil
Por favor não mete a mão.
A fantasia que eu mandei você comprar
Não ficou pronta.
Porque o que lhe dei hum…hum…
Não vou dizer p’rá não me envergonhar mais.

Ouçam também a beleza das poesias musicadas de Celso Viáfora. Elas ilustram, tentam nos acalentar, desse cada dia nosso.

E do Chico Buarque só nos restam as canções que nos despertavam a ilusão da democracia. Hoje, é melhor ele esperar a “Banda Passar” em Paris.

De resto? Sobramos.