Necessito partir
Chegar até a estação
Adentrar outro veículo
Ter outras sensações na essência
Ouvir outros sons, sentir outros sabores
Escrever outras histórias, viver outros amores
Cair em outros buracos, sentir outras dores
Ver outras paisagens, cheirar outras flores
Esta cadeia existencial me atormenta
Por sua indecente imensidão
Enclausurado neste corpo que me esquenta
E também neste universo, mesma prisão
Quero abandonar esta família física
Desprender-me de relações efêmeras e tísicas
Cruzar a linha invisível deste manicômio
Torturado por antogônicos deuses e demônios
Ainda tenho que ficar, mas desejo partir
Nauseante dicotomia, sofrível existir
Torturado por compromissos passados, rótulos vencidos
Levado à deriva pela vida, de mim mesmo esquecido
Então, fico aqui pensando na partida
No doce adeus, pois não mais voltarei
Nas luzes que se acendem do outro lado, estação querida
Onde ainda estarei preso, mas quando lá chegar, tudo isto esquecerei. (Tadany – 03 01 15)