A vitória de Joe Biden nos Estados Unidos por Elói Ritter

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O democrata Joe Biden venceu o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas realizadas em 3 de novembro, com mais de 74 milhões de votos a favor, em que a participação popular foi a maior da história. A apuração dos votos ainda não está encerrada, uma vez que cada Estado tem seu próprio sistema de contagem, mas os números indicam vantagem superior a 4 milhões de votos para o candidato democrata.

Para Trump, está sendo uma derrota amarga, ainda não digerida pelo atual presidente norte-americano, que promete recorrer aos tribunais alegando fraude nas eleições. Pela primeira vez desde o também republicano George Bush, em 1992, um presidente não é reeleito.

Estive nas imediações da Casa Branca na tarde do sábado em que Biden foi declarado vencedor e testemunhei uma festa, rara vezes vista neste país, semelhante ao clima de final de Copa do Mundo no Brasil. Pessoas se abraçavam, dançavam, comemoravam, brindavam, tremulavam bandeiras azuis do Partido Democrata e gritavam os nomes de Biden e Kamala Harris, de origem indo-jamaicana, a primeira mulher eleita vice-presidente dos EUA. Uma atmosfera de congraçamento, em total harmonia, incomum para os norte-americanos. À noite, Biden pronunciou discurso conciliador, em que conclamou o povo a superar as diferenças e convocou todos a trabalharem, juntos, pela cura do país.

Talvez o principal motivo para a derrota de Trump tenha sido o seu comportamento diante da pandemia de coronavírus que já ceifou mais de 230 mil vidas norte-americanas.

Negacionista no início, quando considerou que o COVID não era tão grave quanto indicavam os cientistas, e depois errático, desprovido de uma política eficaz de combate ao vírus. Por conta dessa ineficiência, os Estados Unidos enfrentam agora a “segunda onda” do coronavírus, com registro de mais de 100 mil casos diários. O contágio está sendo tão rápido que o país passou de 9 milhões de casos para 10 milhões em apenas dez dias. Ao que tudo indica, a situação deverá piorar com a chegada do inverno em dezembro. Espera-se que, a partir de 20 de janeiro de 2021, data da posse de Joe Biden, o país comece a enfrentar devidamente o coronavírus e consiga reverter o quadro sombrio que atravessa neste momento.