Voam os segundo, passam as horas, caminham os dias, engatinham as semanas, se arrastam os meses e, quase imperceptivelmente, vagam os anos.
Enquanto isto, momentos são vividos, estações sentidas, experiências materializadas, sensações conhecidas, ciclos iniciados, períodos terminados e infinitos fenômenos naturais acontecem ao nosso redor e impactam nossas vidas.
Durante todos estes momentos, cada um de nós, imersos na vastidão de seu próprio mundo, na imensidão de seus sonhos, no planejamento de seus objetivos, na dramatização de suas preocupações, na luta incessante contra seus medos e ansiedades e na infinita busca pela total segurança de sua existência, passamos os dias à mercê de todas estas faíscas de pensamentos que sobrecarregam o cérebro, povoam os sentidos e, infelizmente quando desordenadas, limitam a capacidade mental de cada um de nós.
E assim fluem os pensamentos, numa realidade quotidiana onde prevalece o imperativo de que somos escravos dos nossos pensamentos enquanto que deveríamos ser os soberanos de tão importante manifestação de nossas vidas, pois são os pensamentos que formam o oráculo do que iremos compartilhar por meio de nossas palavras e de nossas ações.
Então, numa metáfora desta realidade intelectual, imaginemos que a mente é uma carroça e que os pensamentos são um grupo de cavalos que a puxe, mas neste caso, cada cavalo tem uma característica e um ímpeto direcional divergente e até contrastante de cada um dos outros animais que guiam a carreta e, como resultado, por tal discordância de objetivos e incompatibilidade de direcionamentos o veículo não se move e, consequentemente, não consegue chegar a qualquer destino.
No entanto, quando logramos entender este processo de que podemos direcionar nossos pensamentos, ou seja alinhar todos os cavalos com rédeas firmes e seguras, chegamos a um ponto onde desenvolvemos a faculdade de fazê-los seguir na direção almejada e, com o passar do tempo, eles começam a deixar de serem animais selvagens e perdidos que causam turbulências, inseguranças e ansiedades para uma senda onde é possível ver o caminho como uma necessária paisagem onde tudo se encaixa harmonicamente.
E se continuamos neste processo de direcionamento dos pensamentos, podemos também chegar à um estado mais profundo de introspecção e de concentração onde parece que somos envolvidos por lufadas de um brilho, de uma clareza e de intensidades muito fortes. Momentos estes que comumente chamamos de inspiração.
E muito embora a inspiração seja um ato quase inexprimível, alguns dizem percebê-la como uma sensação de carícia, outros como uma musa, alguns como uma encantadora revelação e outros como uma manifestação divina, mas que independentemente das concepções que a atribuímos, a inspiração é a força motora para a criatividade, a inovação, o progresso, as mudanças sociais e o amadurecimento pessoal.
Ela é tão vital para a nossa sobrevivência quanto o oxigênio, pois a inspiração, entre suas infindas utilidades, tem a magnânima faculdade de auxiliar na revelação dos poderes latentes e das habilidades que existem em cada um de nós.
E por estarmos cientes destas realidades, temos o poder de ser o soberano de nossos pensamentos e de usar cada momento quotidiano para vagar nas fantásticas trilhas da inspiração com o intuito de reconhecer, de revelar e de manifestar nossas capacidades intelectuais, físicas, artísticas, espirituais, emocionais, criativas e humanas.
E por tudo isto ser um fato irrevogável, quando isto acontecer, tenha a coragem de ser como um navio que aporta em um novo porto, isto é, ancore, pare, faça o que tenha que fazer, mas não se detenha e, depois de concluir o que estava fazendo, levante a âncora e siga adiante em busca de novos portos, ou seja, de novos conhecimentos, de novas revelações, de novas habilidades e de novas vivências, pois somente assim verás quão magnânima é a vida que nos presenteia inumeráveis caminhos para sermos completos, felizes e inspiradores.
E faça tudo isto, utilizando plenamente este magnânimo instrumento que chamamos de mente humana.