Ele decidiu remover todas as máscaras
Parar de fingir
Desistir de todas as ilusões
Renunciar as ingloriosas manipulações
E abandonar as sutis dissimulações
Que pertenciam ao seu entorno
Que não eram dele
E com as quais ele não se identificava
Mas que, mesmo assim,
Por medo ou por vaidade
Ele as usava
Aquelas máscaras
Eram disfarces malfadados
A roupa era desconfortável
O tecido era áspero
A maquiagem… exagerada
O perfume… desagradável
Os sapatos… apertados e esfarrapados
E a dor de atuar naquele disfarce… era insuportável
Então, ele juntou aquela nefasta vestimenta
Misturou tudo com lenha
E, sem pestanejar, ateou fogo
Foi um imenso e intenso alívio
Pois tudo o que ele não era
Mas estava ficticiamente vivendo
Desapareceu
Na alquimia do fogo
E nas cinzas do esquecimento
Mas, por algum tempo,
Ele sentiu um vazio insuportável
Pois ele não estava mais fingindo
Mas ele também não mais sabia quem ele era
Nem como se comportar
No entanto, ele não se sentia desesperado
Pois ele também sabia que
Apesar da nova realidade ser desconhecida
Aquele era um novo começo
Um novo e deliberado amanhecer
Um desbravado caminho
Que se abria frente aos olhos
De uma maneira interessante e natural
Com todos os seus desafios
Com seus novos aprendizados
E com suas infinitas possibilidades
Para novas máscaras
Novos disfarces
E novas atuações.
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