N A D A.
O filósofo diria é a ausência. O físico diria é o espaço desocupado sem
qualquer corpo. O matemático diria é a falta de uma construção. Mas o escriba
diria o quê?
Pois eu às vezes me encontro com esse estado de espírito. Sem
vontade de fazer alguma coisa. Simplesmente hibernar por algumas horas, ou
até por minutos e ficar ouvindo os sons que o mundo produz.
Deixo de ler. De escrever. De pensar. Para mim isto é o nada. Até
parece meta-física, mas necessário para que possa avaliar as causas, os
mistérios da vida e suas conseqüências.
Já ouvi falar que o nada não existe, assim como nas cores o preto é
ausência de luz, na vida o nada representa a letargia.
Sabem meus poucos leitores que esse exercício faz bem. Ficar consigo
mesmo, nem que seja por uns instantes, faz muito bem. Há claro quem diga
que isso é egoísmo. Eu responderia que todo ser humano deveria ser um
pouco, eu disse: um pouco, egoísta. Gostar de si mesmo, sem narcisismo, é
uma forma de gostarmos de nosso semelhante.
E eu que estava pensando no nada, resolvi escrever isto que repasso,
sem querer polemizar ou atingir os mais cultos e até os menos. Afinal, o errar é
uma constante do ser humano. São as agruras do caminho. As caídas, o
constante levantar que nos impulsionam para sermos melhor e espalhar aquilo
que recebemos de graça.
Agosto de 2015.
Dr. Modesto Roballo Guimarães.
Oab/RS 21.085