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Reduza a Velocidade Interna

Vivemos num mundo cada vez mais corrido, numa realidade de informações imediatas, atualizações instantâneas, respostas momentâneas e interações efêmeras, passageiras e fugazes.

Ou seja, parece que estamos sempre correndo atrás de algo que nunca alcançamos, mas que aumentamos a velocidade para chegar cada vez mais perto, mesmo assim, por mais rápido que andemos, por mais ligeiramente que nos manifestamos, por mais velozmente que interagimos, no final do dia, ou da semana, ou do mês, ou mesmo do ano, parece que não mudamos de lugar, temos a sensação de que todo o esforço foi em vão, de que estamos fazendo um monte de coisas, mas nenhuma coisa conseguimos alcançar, ou atingir e, como resultado destas inúteis brevidades, não mais lembramos dos pensamentos e ações que executamos ontem, ou na semana passada ou no mês passado, pelo simples fato de que elas foram vertiginosas e rápidas.

Em outras palavras, estamos tentando andar na velocidade da luz, mas sem luz tanto nas nossas velocidades, quanto nas nossas direções e intenções e, como consequência, nos direcionamos frequentemente à um estado de cansaço sem vitórias, fadiga sem progressos, fraquezas sem resultados e canseira sem evolução.

No entanto, apesar da aparente rapidez externa, no que tange ao nosso velocímetro interno, temos a plena capacidade de escolher o ritmo, a intensidade e a direção de nossas vidas.

E, neste caso, compartilho que, no passado, fiz um deliberado experimento de dramaticamente reduzir a velocidade de tudo ao meu alcance, ou seja, de meus pensamentos, de minhas palavras e de minhas ações e, como consequência, comecei a estar mais consciente e presente em tudo o que fazia, ou seja, quando comia, mastigava lentamente e apreciava o sabor dos alimentos, quando escutava uma pessoa, a deixava falar sem pensar na resposta antes dela terminar sua frase, quando compartilhava uma estratégias no trabalho, ou delegava responsabilidades ou respondia e-mails, o fazia com uma pausada, mas eficaz metodologia que tornava a mensagem clara e prática, quando caminhava, prestava atenção nos meus passos e no entorno por onde passava, quando lia alguma notícia, escutava alguma aula, ou assistia algum vídeo, focava toda a minha atenção naquela atividade, quando sentava para escrever poemas ou textos, cada palavra, cada vírgula, cada ponto eram calmamente imaginados e descritos e, em cada respiração, deliberadamente prestava atenção e fazia longas inalações e exalações.

Existem vários outros exemplos nos quais implementei esta metodologia de redução de velocidade e, em todos, a resposta foi imediata e impactante, pois comecei a viver a vida mais intensamente, a ter uma memória mais nítida do meu passado, a ter interações mais construtivas e profundas com as pessoas, a notar sabores e aromas que antes passavam despercebidos, a ver belezas que antes pareciam inexistir e, acima de tudo, a estar cada vez mais consciente de que a vida sem pressa, aquela vivida no momento presente, é o maior presente que podemos nos brindar a cada momento.

Ou seja, desde aquele experimento, tenho andado devagar porque no passado já tive pressa e, agora por andar sem pressa, calma e lucidamente caminho em direção ao oráculo dos sonhos, do amor, da sabedoria e da paz, pois entendi que não é a pressa ou a rapidez que determinam a qualidade da vida, mas sim a consciência de estar vivo em cada segundo do presente que, como a vida, tem seu natural e tranquilo ritmo, independentemente da velocidade externa com que as outras pessoas movimentam-se ao seu redor.

Redação
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