Quem quer ser empresário?

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Não sei se existe uma pesquisa que mostre qual a expectativa dos jovens com relação ao seu futuro profissional. Se não há, seria bom sabermos o que os estudantes esperam fazer após concluída sua formação. Isso nos dá uma noção do país que teremos no futuro. Eu vou arriscar um palpite: acredito que um percentual muito elevado dos jovens tem como primeira opção passar em um concurso público. Acho que esse também é um desejo de suas famílias. A proliferação de cursos preparatórios, materiais e notícias sobre concursos indica que eles movimentam um imenso mercado.

Se perguntássemos a um estudante de hoje: Quer um negócio próprio ou uma vaga em concurso público?Qual seria a resposta mais ouvida? Quantos teriam o objetivo de criar uma empresa, gerar empregos e assumir o risco e a responsabilidade por sua própria remuneração? Penso que não são muitos, e isso deveria nos preocupar. Sem deixar de reconhecer o imenso serviço prestado pelo setor público, e a importância de seus servidores, o que será de um país onde ninguém quer produzir? O que acontece com a economia de um país onde os jovens mais bem preparados não querem investir na fabricação e distribuição de bens, na prestação de serviços, na inovação. Vamos esperar por investidores e empreendedores estrangeiros? Ou vamos assistir à nossa economia definhar?

Penso que devemos nos questionar a respeito dessa opção dos jovens e de suas famílias. É uma característica das novas gerações buscar segurança e estabilidade, ou é nossa sociedade que não incentiva nem valoriza o empreendedorismo? Será que não estamos criando um ambiente tão hostil ao surgimento de novos negócios, com tantas dificuldades, que desencorajamos os possíveis empresários?Talvez seja a hora de falarmos sobre o país que queremos no futuro, e, principalmente, hora de agirmos para corrigir os rumos.