Olha, vocês já devem ter enjoado de me ouvir contar aquela historinha da Chapeuzinho Vermelho sob a ótica da criança de hoje, se é que alguma conhece, por ser politicamente incorreta. Mas vou contar de novo, danem-se!
A história consiste na Chapeuzinho Vermelho, uma menina de, supostamente, uns 10 anos que é incumbida pela mãe de levar comida e remédios à vovó que mora sozinha no meio da floresta. A mãe também lhe recomenda a ter cuidado com o Lobo, que anda à espreita nas matas e adora carne tenra de menina, o bandido!
O vilão é o Lobo, claro. Mas se observarmos melhor, a vovó da Chapeuzinho que está enfurnada, sozinha, no meio do mato sem comida e sem remédios deve ser a mãe da mãe ou do pai da Chapeuzinho, confere? Sim, confere.
Daí pergunto: que tipo de filho deixa uma mãe abandonada e envia uma criança a levar-lhe mantimentos sabendo que, pelo caminho, ela poderá ser devorada pelo animal faminto em questão? É um pouco meio muito horripilante, não é, pequenos coleguinhas?
E a menina se chama Chapeuzinho ou seria Veroneide Priscilla ou coisa que o valha?
Não sabemos e essas respostas ficarão a critério da nossa fértil imaginação. O Lobo é o único personagem decente do folhetim, no seu papel de comer carne, humana ou não, no final das contas.
E assim são muitas coisas no nosso dia-a-dia, onde os mocinhos são os vilões e os vilões são mais vilões ainda. E aqui ficamos bocaberteando, sem saber pra quem torcer nesse tiroteio de loucos, onde nunca sabemos de que lado pode vir a bala de borracha.
Às vezes pode ser até na parada do ônibus que nunca chega e eu estou atrasado pra trabalhar e o patrão do burguês capitalista aqui desconta o dia, não dá mole, que inferno!
Boa janta, senhores e senhoras ouvintes.