Para além de outubro: conscientização sobre o câncer de mama

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Fonte: Camila Beque

No Brasil ao longo deste ano, 66.280 novos casos de câncer de mama foram registrados, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Entre as mulheres, o câncer de mama depois do de pele não melanoma, é o mais incidente na população feminina brasileira e no mundo. O Outubro Rosa tem o propósito de alertar as mulheres para um diagnóstico precoce, e não é exclusivo ao câncer de mama, mas um alerta para o cuidado da saúde da mulher como um todo. “Essa visibilidade é importante para que a gente possa educar a população para reconhecer sinais e sintomas do câncer de mama”, comenta o médico oncologista, Dr Tiago Giordani Camícia.

A mamografia é um exame de rastreamento, ou seja, que permite o diagnóstico precoce do câncer de mama em pacientes sem qualquer sintoma. Quanto mais precocemente for diagnosticado, maiores são as chances de cura.

Dr. Tiago explica que em relação ao tratamento, vai depender do subtipo de tumor, e do tamanho da lesão para que se estabeleça a modalidade terapêutica adequada. Tumores iniciais podem não precisar de quimioterapia, sendo tratados com cirurgia e radioterapia. Já outras pacientes irão precisar de quimioterapia antes ou após a cirurgia. O tratamento é personalizado para cada paciente. Algumas mulheres vão necessitar de tratamentos mais prolongados por cerca de 5 a 10 anos com uso de medicamentos, para evitar a recidiva da doença e aumentar as chances de cura.

Durante o processo, o médico comenta que é natural que o diagnóstico afete o aspecto emocional das pacientes. Assim como a auto-estima e a vaidade, especialmente em mulheres que precisam de quimioterapia e apresentam queda de cabelo. É um momento de medo e insegurança, natural do diagnóstico e do tratamento, porém são etapas necessárias e passageiras no acompanhamento dessas pacientes. É importante o suporte familiar assim como acompanhamento multiprofissional com equipe especializada para garantir a saúde física e mental da paciente e da família.

A mamografia deve ser realizada a cada ano por mulheres a partir dos 40 anos, segundo o Dr Tiago Camícia existe a possibilidade que mulheres com idade inferior a 40 anos tenham a doença, porém é infrequente a ocorrência desses casos. Estima-se que 80% dos casos de câncer de mama estão em mulheres a partir dos 50 anos, e de 15 a 20% entre os 40 e 50 anos.

No final de 2015, aos 49 anos Analia Delevatti descobriu através dos exames de rotina que estava com câncer de mama, sem qualquer sintoma, a descoberta foi uma surpresa. O nódulo que apareceu apenas em uma ecografia, foi levado a biópsia, e no exame de toque foi descoberto mais um nódulo que não havia aparecido nos exames. Analia conta que somente quando soube que haveria a necessidade do tratamento de quimio e radioterapia, que ela perderia os cabelos, foi que teve o maior susto. Ela conta que “a surpresa da gente também quando a gente descobre, é que eu cuidava alimentação, fazia academia praticamente todos os dias, e ai tu acha que tu ta imune”.

Durante o tratamento ela conta que passou muitos pensamentos negativos pela cabeça, mas que ela lembrava que precisava vencer pela família e pelo amigos que foram muito importantes nesse processo. E que logo que o cabelo começa a crescer novamente, ela conta que a sensação é de que parece que tudo foi mentira.

Os exames de rotina devem ser feitos com a frequência indicada pelo médicos, não devem ser deixadas de lado nesse momento de pandemia de Covid-19. Analia conta que se ela tivesse adiado o seus exames poderia ter sido muito pior, que é quando a doença começa a se espalhar. O médico oncologista Tiago Camícia enfatiza que com o diagnóstico precoce, aumentam as chances de cura da doença.