O mundo que renascer ou sobreviver a esta eclosão de mortes e dor causadas pela Covide-19 resultará do empenho e da vontade de cada ser humano afirmei, em 09 de abril passado. Hoje digo que o mundo será outro, porque nascido do empenho, da vontade e do conhecimento pessoal e coletivo.
Os cientistas buscam hoje criar uma ou mais vacinas contra a nova pandemia. Que não caibam dúvidas, porém. A ciência médica terá êxito, sim, e as pessoas respirarão aliviadas, sem a angústia causada pela espera. Será um mundo diferente do atual, entretanto.
Convém lembrar também que já existem tendências que se desenham ou se afirmam em plena crise epidemiológica, como a educação à distância, por exemplo. Além do isolamento social, é previsível uma recessão econômica aguda. Haverá ainda maior atenção à inovação e à transformação digital, ao trabalho remoto, aos valores pessoais e coletivos, como solidariedade e empatia, necessárias à compreensão e às formas de agir durante fenômenos hostis, como o surgimento de germes e grandes epidemias, que têm vida própria e reaparecem cada vez com maior frequência ao longo dos tempos.
A antropóloga Lilia Schwarcz (USP), lembrando o historiador britânico Eric Hobsbawn, afirma que a experiência humana é que constrói o tempo. Tem-se como certo que o tempo pós-epidêmico se dividirá em dois. Vivemos hoje um deles, o da aquisição da experiência, que se estenderá não se sabe até quando. O outro será o da aprendizagem, do conhecimento e da prática da solidariedade a partir da experiência vivida. Fora disso, o mais será exercício de futurologia.
Maria Thereza VELOSO