AS ALICES DA VIDA REAL

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Por Lawrence Almeida

A Alice da história, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, pode ser interpretada e concebida de diversas formas, mas no contexto de vida em que vivo, quero lhes contar a que eu conheci um dia, a Alice da vida real.

Quem me conhece sabe que imagino e vivo a vida de uma forma bem peculiar. Digamos que num lugar ou conto onde o mundo é cheio de coisas legais, cores, música, diversão e pessoas de bom coração. Acho que talvez por viver e ver esse “mundo” através desse vislumbre, ou pela lei da atração mesmo, ou por vontade do próprio universo de repente, acabo por conhecer pessoas que, pra mim, são os próprios personagens desse mundo que concebo.

Falando um pouco da história do livro, que conta a aventura de uma menina num novo mundo, um universo repleto de animais e objetos antropomórficos que falam e se comportam como seres humanos, o País das Maravilhas, a menina da história se transforma, vive aventuras das mais ‘’crazys’’ que poderia viver, se vendo confrontada com o absurdo, com o impossível e situações bizarras pra uma pessoa normal que vive no nosso planeta terra, embora muito do que ela vivera nessa experiência, também exista no nosso cotidiano que não o da fábula.

Essa curta vivência a fez aprender muitas coisas, mas também questionar.

Na história ela acaba sendo vítima de um julgamento sem sentido e condenada pela Rainha de Copas, a tirana que tentava dar fim a todos aqueles que a incomodavam ou confrontavam e quando a Alice é atacada pelos soldados da Rainha, ela acorda, descobrindo que toda a viagem se tratara apenas de um sonho.

Resumidamente essa é a história do conto, e agora, vou lhes contar sobre a menina do conto da vida real, aquela que mencionei no início de todo o reconto.

Ela viveu quase isso, tanto a parte bacana da história quanto a ruim. Da parte divertida, ela desfrutou das melhores experiências da vida. Da ruim, no entanto, provou da parte mais triste, cruel e amarga, que é quando a Alice é julgada, atacada e perseguida.

Se pararmos pra pensar, quem nunca né? Quem nunca se viu dentro de alguma história, conto, filme ou novela. Quem nunca se identificou com as vivências alheias? Acho que muitos de nós. Mas daí venho falar sobre o que sempre falo na maioria das coisas que escrevo: como é que a gente faz pra lidar com as infelicidades que a vida nos apresenta (que pra mim nada mais são do que provações), como é que vamos fazer pra superar e de que forma isso vai impactar na nossa vida? Vai nos somar ou subtrair?

Passar por adversidades, de duas uma, ou nos torna fracos, infelizes e amargurados, ou nos transforma em força pura, resiliência e valentia. E é daí a origem da minha vontade de falar sobre as Alices da vida real. Porque essa da do mundo real, nada lhe fora subtraído, senão a obtenção da vontade de vencer e voar cada vez mais alto.

Mas mudando por alguns instantes o rumo do relato, uma das coisas mais preciosas que acho da vida é a amizade. Não acredito que pessoas entram nas nossas vidas por acaso, assim como creio que tudo o que vivemos aqui, sejam experiências boas ou ruins, não são mera sorte ou azar. SEMPRE elas terão um significado, isso é fato e não precisa ser comprovado por nada. Vivemos diversas coisas todos os dias, porque a vida de verdade é assim: matar um leão diariamente. Salvo exceções, nada nos chega de “mão beijada”, mas ter a sensação de levantar quando a gente cai nos move, guia e torna mais fortes.

Voltando à Alice, e falando sobre amizade, posso dizer que muito aprendi com a Alice da “real life”. Talvez uma das pessoas mais resilientes que já conheci. Sabe aquelas pessoas que nos causam admiração e que inevitavelmente nos impulsionam a enfrentar os problemas que a vida nos apresenta de uma forma mais leve, porém forte e firme ao mesmo tempo? Aquela pessoa que é bondade e evolução? Mas que também sofre, porque não, não é nada fácil ser evoluído humanamente e pensar fora da caixa, porque não é fácil ver o mundo além, nu e cru como ele realmente é. E tenho certeza que quem é HUMANO certamente vai entender o quão difícil é viver em meio à maldade, inveja e pessoas más. Onde ao mesmo tempo em que tu recebe um abraço, recebe uma facada também.

BUT viver é isso, é aceitar pra doer menos. Porque SIM, sentir e viver essa loucurada toda nos torna fortes, claro que esfolados e com cicatrizes, mas corajosos e cientes de como funciona esse nosso mundão.

Porém, contudo, todavia e no entanto, importante mesmo é que o mundo não gira, ele CAPOTA. E sair de qualquer situação de dor e adversidade nos torna melhores e mais bons do que quando entramos, nos torna LIVRES.

Amar independente de qualquer coisa, aceitar o fardo que nos fora dado para carregar é o que nos diferencia. Porque por mais pesados que eles pareçam ser, não são e jamais serão impossíveis de serem arrastados caso a nossa força enfraqueça em algum momento.

E à minha amiga Alice, o meu muito obrigado pelos aprendizados e tutoriais que me foram concedidos de como ser: FORTE. E claro, parabéns pela mulher linda, maravilhosa e empoderada que é, onde a Chanel e o batom vermelho, mediante tudo isso, se tornam apenas meros detalhes.

Pra ti: PA RA BÉS!