Chega um momento me que, inevitavelmente, somos obrigados a sair do letárgico monólogo que a vida se torna após certo tempo, daqueles solilóquios com seus premeditados e cansativos dias, com suas previsões emocionais estéreis e tediosas, com suas rotinas monótonas e artificiais, com suas repetitivas histórias, com suas banais visões de mundo e com sua destrutiva adequação ao sonolento status local onde o que somos já foi definido por outros, muito embora, no âmago de nossas essências, sabemos que somos mais, ou podemos ser mais, do que percebemos ser.
Neste momento, independentemente de gênero, religião, etnia, status social, econômico ou político, a vida demanda que busquemos encontrar o significado que ela possui em nossos quotidianos.
E esta existencial pergunta, ou seja qual o significado de minha existência, não pode ser respondida por ninguém mais além de mim mesmo, pois somente eu possuo a plena percepção dos meus mais profundos sonhos, a clara evidência dos meus mais constantes desejos, a inquebrantável cognição dos meus mais inquietantes anseios, a lúcida memória das batalhas já vividas, a ininteligível dúvida do porque certas coisas acontecem somente comigo, a angústia da incerteza sobre como será o meu futuro, a ansiedade causada por um vazio e uma insatisfação que parecem corroer meus pensamentos por não saber qual o meu papel no grande esquema das coisas, a agonia por não saber o que estou fazendo aqui, a aflição por não conseguir sair de uma situação desagradável e dolorosa, em outras palavras, somente eu sei que tipo de pessoa eu sou, incluindo meus assustadores medos, meus limitantes pensamentos, minhas eufóricas alegrias, minhas inesquecíveis conquistas e meus augustos milagres.
E é por isto, somente por isto, que cada indivíduo é o plenipotenciário ser que deve, ou melhor, que possui a inalienável responsabilidade de responder aos questionamentos primordiais cujo objetivo é expandir sua percepção da existência, de tentar perceber se existe algo de extraordinário em sua essência, de talvez demonstrar que está enganado sobre sua temporária mediocridade e de resgatar aquela esperança que o conecta com o infinito apesar das visíveis limitações da realidade empírica.
De outra maneira, o cansaço, a morosidade e a pequenez serão furtivos monstros que, com mais frequência do que desejável, ou suportável, estarão assombrando e minando os potenciais, as habilidades e os sonhos individuais.
Mesmo assim, seja por naturalidade, seja por necessidade, inevitavelmente todo o ser humano chegará ao portão destes questionamentos.
E você já chegou?. O que fizeste com os questionamentos?. Que respostas encontrastes?.
Lembre-se, as perguntas são inevitáveis, mas o responder é uma decisão pessoal, decisão esta que inteiramente define o curso da caminhada individual que chamamos de vida, a qual é para ser vivida, mas que também pode ser deliberadamente inquestionada, postergada e defraudada.