Acho que é unânime a percepção e sensação de que esse ano de 2019 não foi nem um pouco fácil. A começar pelas inúmeras perdas e tragédias que vivenciamos já nos primeiros meses do ano que recém havia se iniciado. Foi a tragédia em Brumadinho, depois aquele incêndio no alojamento de jogadores no Rio de Janeiro que ceifou a vida de jovens atletas que tinham uma trajetória de sucesso inteira pela frente, e por aí vai. Não vou citar o que nem imaginávamos o que AINDA estava por vir. Foi um ano de vários perrengues, e acredito que cada um de nós teve o seu.
Falando da minha própria vivência deste ano que, graças a Deus, logo estará prestes a se encerrar, posso dizer que sim, foi um ano difícil. Porém o importante é não reclamar, mas agradecer, ser grato não pelas coisas ruins que aconteceram, mas por estarmos aqui, talvez não ilesos e intactos, só que sem dúvidas, mais fortes SIM. Mesmo que essa força não seja instantânea, até porque a gente meio que nota ela em doses homeopáticas, a longo prazo eu diria, assim como qualquer resistência e imunidade que criamos.
Cada um de nós tem um dedo onde o sapato aperta mais, tem um calo que dói mais do que qualquer outro. Todos nós temos o nosso próprio teto de vidro, ninguém é totalmente inatingível nesta vida, porque somos seres humanos, e não robôs, somos feitos de matéria, uma alma e sentimentos. E essas três coisas pelas quais somos compostos, sofrem alterações e não são impermeáveis. Ao longo das nossas vidas adquirimos algumas cicatrizes, umas na pele, outras na alma, mas na essência não deixam de ser a mesma coisa: marcas. Há quem as tenha apenas como uma marca, que está ali, oriunda de um mero acidente que aconteceu, e não passa de uma cicatriz, que não dói, e que não é nem sentida, porque fechou e cicatrizou. Mas existem pessoas que as têm da mesma forma, porém nelas doem, e em algumas até sangram. Cada pessoa é única e singular, reage e sente a seu modo as coisas. Então, cabe a nós entender e respeitar, cabe a nós apenas a EMPATIA.
É humanamente impossível passarmos por essa vida ilesos de qualquer marca. É impossível, não tem como. Mas o importante disso é que saibamos aceita-las e não fingir demência em relação a elas. É imprescindível não ‘’fazer a egípcia’’ com o que faz parte da nossa história (esse termo eu uso quando quero fingir que nada aconteceu, tipo a icônica Esfinge do Egito, que todos passam por ela, e ela permanece ali intacta, apenas com o olhar apontado pro horizonte, haha!), é aceitar pra doer menos, seja do jeito que for. É ter consciência e lucidez pra aceitar a nossa vida do jeito que ela é e foi, mas sem nunca deixar de lutar pra que seja melhor, caso no momento não esteja como queremos e nem da forma que nos faz bem e feliz.
Quem nunca passou por frustrações? Quem nunca passou por momentos difíceis nessa jornada chamada vida? Muitos de nós, com certeza. É um relacionamento ou casamento que não deu certo (tem coisa pior?). Porque separação é um afastamento, e é terrível, uma vez que não deixa de ser uma perda. É um laço que imaginávamos ser pra sempre, mas que por algum motivo deixou de ser. É frustrante, arrasador, é terrível. Mas óbvio que há exceções, que ás vezes é até um livramento, e isso é maravilhoso, ENFIM.
Assim como perder alguém que amamos, porque a vida simplesmente faz assim: ela tira das nossas vidas a presença física de alguém, nos tira a possibilidade de tocá-las. Acho que não existe dor mais dolorosa do que essa… É difícil demais lidar com perdas, mas eu sempre peço pra nunca esquecer, e isso pelo menos me dá um alento, que nesse contexto de perda, tem uma coisa importante a ser lembrada, a de que a vida não é capaz de nos tirar a possibilidade da lembrança, ela não tem o poder de apagar da nossa história e nem da nossa memória as pessoas quem aqui na terra foram nossas companheiras. E seria injusto demais caso fosse possível. Porque nós somos o que vivemos aqui, e daqui, a gente só vai levar as lembranças, assim como deixa-las àqueles que aqui ficarem. Esse é o real sentido da vida, é a troca de coisas boas entre as pessoas que fazem parte da nossa vida, enquanto seres terrenos.
Não é clichê a frase ‘’viver cada dia como se fosse o último’’. Porque no final das contas, é a real de tudo, sintetiza todo o manual da vida (se é que tem) em uma única frase. Não sabemos o dia de manhã, assim como não sabemos nem os próximos minutos.
A gente vai cair, vai se esfolar, vai ter um crush que não vai nos dar a mínima, vai ter um casamento que vai acabar, um namoro, um plano que não vai dar certo, uma meta que não vai ser atingida, uma perda…enfim, muita coisa pode sair do nosso controle e da rota da nossa vida que nós mesmos projetamos, porque isso ela pode sim fazer, e pior que o destino também. Ela pode nos pegar ‘’com as calças na mão’’ um dia e, olha, não vai ser fácil. Mas peço que tenhamos a capacidade de aceitar e permitir o sentimento oriundo de qualquer coisa ruim que venha a nos acontecer com a certeza de que: VAI PASSAR. E passa. PASSA SIM, até porque nem nós somos eternos, então, logo, nenhum sentimento ruim vai ser.
A vida é um ciclo. Hoje tá ruim, amanhã pode ser que esteja pior, e o depois de amanhã também. Mas ciclos não são infinitos, eles têm um fim. E acreditem, o próximo pode ser bem melhor. E se caso não for, o outro vai ser com certeza. Que não nos falte nunca otimismo e a crença de que TUDO PASSA.
Hoje mesmo, acho que no Facebook, li um post que uma amiga publicou da Martha Medeiros, achei sensacional, assim como a grande maioria dos textos e das crônicas dela. Dei um print, porque achei que se adequaria ao que hoje eu estava proposto a escrever. Ela escreveu assim: ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Favor não confundir uma vida sensacional, com uma vida sensacionalista. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Bom, acho que isso resume muita coisa do que quis escrever e compartilhar vocês aqui hoje.
É fácil existir, difícil mesmo é viver. Então, que a gente nunca desista disso. Que a gente nunca desista no primeiro não, no primeiro tombo, na primeira frustação, nos primeiros arranhões e esfolados. Essa é a vida real, essa é a realidade.
Que nos permitamos cair, e que a gente levante sem vergonha nenhuma. Por que nada como uma queda pra gente voltar mais lindos e plenos, e poder dizer: VOCÊS NÃO IMAGINAM O PRAZER QUE É ESTAR DE VOLTA. Hahahahaha
A gente um dia vai cair, mas desistir, não vamos JAMAIS. Tudo passa, na vida tudo passa, vamos ter isso sempre como nota mental.