Aprendendo a escrever me deparo com sintaxes, gerúndios, tritongos orais e nasais, palavras cruzadas monossilábicas e advérbios demonstrativos de lugar impróprio, o próprio!
Sem me preocupar com a música, esqueço as regras e bailo, bailo ao ritmo das letras saltitantes que se juntam em palavras, materializando os meus pensamentos que jorram, verborrágicos, trágicos, pelas minhas mãos!
Tropeço num adjunto sem oração e quase escorrego numa virgula perdida entre consoantes dissonantes irritantes, tudo em instantes!
Orações subordinadas e insubordinadas, as hereges!
Escrever cuidando as regras é como dirigir um automóvel prevendo cada movimento, lendo o manual do motorista: impossível pra mim!
Crases e parenteses são desbocados, cruzes, crases e porquês, por quê? porque por acentos, assentados nas vogais e nos ditongos flatulentos que atormentam as sílabas, tão sérias e sinceras, pertinho dos hiatos ingratos com seus primos hifens, que sempre esqueço e, quando me lembro-me, uso errado, o danado! E esse artigo, que nem é antigo.
E as aspas? Recuso-me a escrever “entre aspas” traiçoeiras aspinhas, ‘apóstrofo’ que ninguém mais usa isso, sei lá!
Chega de abusar da bondade das palavras e vamos deixá-las entre os seus (parenteses), ao menos para almoçarem juntas, separadas ou compostas, como lhes aprouver, comam de colher. Ora, hora do almoço, seu moço, não obstante palavras antigas são do balacobaco, velhaco, quero o meu casaco, partirei, até já!
Prato de hoje: sopa de letrinhas, abobrinhas, peraltinhas.