Vivemos na época do cansaço. As pessoas andam estafadas. Mas não é uma fatiga da vida, e sim do modo de viver. De um estilo de vida povoado por desvalorizados valores que depreciam suas existências. Vivemos num mundo de competições acirradas, derrotas desastrosas e de sucessos efêmeros. Mas o mais surpreendente desta realidade é que as pessoas não sabem o porquê estão competindo, nem mesmo tem noção de quais critérios utilizar para definir seus sucessos, ou questionar seus fracassos. Além disso, na mutante psicologia de massa, as ideias de competição, assim como os critérios de êxito, estão constantemente passando por reavaliações, revalidações e reorientações. Então, como consequência desta profusão de novos e imperativos conceitos, provavelmente carecidos de sólidas premissas humanas, as pessoas ficam confusas, tanto com relação aos seus caminhos, quanto com relação as bases para suas auto avaliações.
Desta maneira, perdidas à deriva de suas caminhadas, levadas ao léu por ventos indecisos e ondas vacilantes, enquanto mendigam por um oásis de segurança e estabilidade, as pessoas sentem-se emocionalmente exaustas, psicologicamente esgotadas e intelectualmente exauridas nestes imprevisíveis, túrbidos e contraditórios cenários existenciais.
E são essas premissas que dão origem à sociedade do cansaço, à uma coletividade moribunda que vive letargicamente numa redoma metafisicamente antagônica, insustentável e derradeira. Esperançosa por essência, mas cansada pela tenebrosa existência.