Náufrago na ilha de minhas desesperançadas buscas
Solitário com os medos que alimentei, por medo de suas existências
Refugiado de minhas inanições, sem prestações, nem volições
Desmarco os encontros que nunce pretendi aparecer, desleixo relacional
Sorrio sem sintonia, descompassados ritmos carentes de alegria
Descumpro o que cumpri, por incompetência de libertar-me
Abandono estes gestos brutos, malcheirosos de mendicantes rimas
E desnudo-me do que nunca fui, mas que vestia para o social viver
Então pelado, nu como um céu de brigadeiro,
Abraço a vida que se abre, um renascer caminheiro
Sem ilhas, nem trilhas, nem destino, nem milhas
Povoado por coragem sem vassalagem, nem malandragem
Resgatado por desejos de euforia, cósmicas alegorias
Formado por uma exuberante sinfonia, natural magia
De gestos dóceis e graciosos, movimentos existencialmente gostosos
Esta nova naturalidade que urge por se manifestar, um individual despertar
Visões possíveis de vidas unidas, vividas, esquecidas, ressurgidas, mas todas queridas
Paridas em si, educadas em mi, reveladas sem dó, vividas em sol.