Estava passando por um pequeno vilarejo nas montanhas de Oaxaca, sul do México, quando vi um pequeno funeral que seguia em direção ao cemitério. A singela procissão era basicamente composta de campesinos que habitavam aquele lugar.
Interrompi minha viagem para acompanhar o cortejo, o qual entoava uma canção que mesclava uma melodia lúgubre com um cantarolar alegre e suave.
De repente, notei um menino que, separado de todos, caminhava com um intenso brilho nos olhos e um sutil sorriso nos lábios. Aproximei-me dele e lhe perguntei o que estava acontecendo. Ele tranquilamente falou:
– O Vovô foi plantar em outras terras.
Como assim? lhe perguntei:
– O vovô foi ajudar a Grande Alma.
Espantado com a calma do menino e curioso com seu raciocino, inquiri novamente, – E como você sabe isso?
Ao que ele respondeu:
– Ontem à noite, enquanto todos dormiam, escutei um ruído diferente, despertei, saí da cama e notei que uma brilhante carroça guiada por uma sedutora luz estava em frente à nossa casa. De repente, o Vovô saiu pela porta da frente e caminhou em direção à mesma. Fiquei assustado, pulei a janela do quarto e corri em direção ao vovô. Então, sem que eu lhe perguntasse nada, ele olhou com seus olhos repletos de carinho e disse-me: – Juanzito, esta é a carroça que passeia pela estrada do infinito, onde o Senhor planta lavouras de bem-aventurança, irei com Ele para ajudá-lo. Um dia tu também andarás por estas trilhas. Podes voltar ao teu quarto e durma tranquilamente. Te Amo.
Então, sem palavras e com o coração recheado de ternura, permaneci ao lado do Juanzito até que o túmulo desaparecesse no modesto jazigo da família. Depois, o vi desaparecer, feliz e brincando com seus amiguinhos numa das ruas do povoado. Naquela noite, dormi no vilarejo do Juanzito e seu Vovô. (Tadany– 19 04 06)