Os primeiros poemas, frequentemente, são de amor, assim como todas as primeiras criações da vida que naturalmente nascem do amor.
As primeiras linhas que escrevemos, as lambuzamos com enfeites quase platônicos, mas não menos ideais, do amor que sentimos em nossas essências
E, por natural inocência e aspirações de grandiloquências, desejamos eternizar no papel tão sublime sentimento para que outras pessoas também o sintam, o experimentem e o vivam, ou seja, nos iniciáticos rituais da arte do amor, somos melosos, somos idealistas e somos exagerados.
Depois, com o passar do tempo, algumas enxurradas de objetividade e racionalismo, assim como um melhor domínio do idioma e uma desejável expansão do vocabulário, os poemas se tornam mais enriquecidos, possuem formas harmonicamente mais estruturadas e se relacionam de uma maneira mais simétrica com a maturidade da vida.
Mesmo assim, em essência, seguem sendo piegas, quiméricos e excessivos, pois se não os fossem, deixariam de ser poemas de amor que se conectam com a apaixonada, com a carente e com a amorosa alma humana
E, por estarem desconectados, somente seriam palavras atiradas ao ar que se unem sem saber o porquê estão juntas, nem para quem elas estão se apresentando, como casas sem flores, sem alegrias e sem coesão, onde existe um teto que protege os corpos, mas inexiste um véu desmedido que faz os olhos brilharem, o coração pulsar mais forte e o corpo dançar ao som de invisíveis e intangíveis, mas perceptíveis, melodias que toda a pessoa anseia por bailar pelo menos uma vez em sua vida.
Em outras palavras, o amor, assim como os primeiros poemas e a nobres manifestações humanas, por essência, é exagerado, é intrépido e é expansivo. (Tadany – 22 10 17)