Observo um frenesi nas pessoas em ter sempre que ter alguém. Claro, é maravilhoso ter uma pessoa para amar, para tomar um vinho junto, olhar um filme, dividir sentimentos, viagens, histórias e momentos. Mas fazer isso tudo consigo mesmo também é bom, embora até chegar nessa fase, para alguns, não é nem um pouco fácil. É um obstáculo, uma dificuldade, uma barreira a ser ultrapassada até nos tornarmos a nossa melhor companhia. Mas olha, vos digo, nada que umas boas sessões de terapia não resolvam, aliás, terapia deveria estar entre as nossas prioridades, e ser mais acessível a todos nós porque é maravilhoso e libertador aprender a ser o nosso melhor acompanhante.
Muitos acham que ser sozinho é ser um ‘’loser’’ (fracassado), mas deveriam sempre ter como nota mental aquela máxima que é cabal: melhor sozinho do que mal acompanhado. E àqueles que não se sentem bem consigo mesmo, se eu pudesse realizar um desejo, escolheria que encontrassem as melhores partes de si, que não sentissem a solidão como algo ruim, mas que ressignificassem esse sentimento e dessem lugar a um outro, o da solitude, que é antagônico à solidão. Que não se sentissem sozinhos, mas acompanhados de si mesmos. Que se sentissem à vontade pra tomar uma taça de vinho (ou mais) numa noite fria, ou um chá olhando a série favorita, pra viajar, ou até mesmo dançar, por que não? Desejo isso de verdade, e por experiência própria que é possível.
Talvez essa nova perspectiva que vos aconselho a experimentar e viver, seja fruto dos trinta anos, dos joelhos ralados, das noites perdidas, das relações afetivas, das minhas histórias pessoais e também das biografias alheias, que também nos servem de lição, e que podemos sim, colocar na nossa mala da vida. Mas indubitavelmente, esse resultado veio da combinação de umas boas sessões de terapia e análise, foi uma misturinha boa como um bom drink, tipo o cosmopolitan: gin, cointreau, suco de limão e suco de cranberry.
Mas que fique claro, é maravilhoso também viver na cia de um outro alguém, mas como tudo na vida, devemos colocar na balança do se vale a pena ou não. Colocar na conta matemática do se vai somar ou subtrair. E numa relação, o nosso emocional deve ser equiparado e tratado como o ‘’Santo Graal’’, porque relação afetiva não é nó que aperta, ela é um laço de fita que enfeita.
Então, que vivamos, seja sozinho ou com alguém, mas que vivamos! Que aproveitemos a vida seja do jeito e da forma que for, mas que ela seja aproveitada e deleitada. Que sejamos felizes do jeito que desejarmos ser. E ter em mente sempre – nossas histórias só terão finais felizes se antes de tudo nos amarmos primeiro.
E que tenhamos como nota mental essas três coisas básicas: é possível ser feliz sozinho, que viver em paz é viciante, e a principal, nunca esquecer de ser FELIZ e, gratos.