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MANUTENSSÃO

Escrevi errado de propósito, sim. Tenho feito a manutenção do fogão, do carro, da tevê grudada na parede e da conta do bar, coisas importantíssimas.

Só não tenho feito manutenção dos meus amigos e amigas que acompanharam e acompanham as minhas emocionantes jornadas hospitalares, essa é mais importante do que fios, máquinas, parafusos e coisas parecidas.

Estou voltando aos poucos, me redescobrindo nas caixas cinzentas lá pela profundeza da minha alma, agora calma. Varrendo aqueles equívocos insanos guardados debaixo da cama que a gente sempre acha que é bom guardar.

Não é, não, faz mal.

De quando em vez mergulho naquele mar escuro do ‘eu mesmo’ e volto com algum lixo que joguei lá. É bom emergir e entrar no jardim que cultivo, a duras penas, regando aleivosias e arrancando escrotos que nascem junto às lascívias e libertinas na tenra terra terna do meu coração.

Volto ao jardim sem queixar-me às rosas, apenas para aparar os estrupícios que quase sufocam as rubras perfídias, acreditem!

Ah, as perfídias. Sempre coloridas e perigosas. Mando um buquê pra vocês, amanhã.
Tenho de ir, os lábaros tocam bigorrilhos de oito cordas para as frívolas dançarem sobre as mesas e me chamam, enquanto o esculápio serve litros de embargos em jarras de escambau bulhufense, nas mesas dos convidados.

Vou tomar alguns copos de embargo e me recolher aos meus borzeguins, aos cuidados de minha escravas belelenses, de Beleléu.

Buenas tardes, señores e señoras, beijo carinhoso no fígado de vocês.

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