In-Tolerâncias Nossas de Cada Dia

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In-Tolerâncias Nossas de Cada Dia.

 

A tolerância é natural ao ser humano, pois ela faz parte de nossa intrínseca arquitetura.

 

E como é possível dizer isso?

Simplesmente observando a natureza, pois ela é repleta de uma fantástica diversidade, de distintas combinações elementais e de diferentes estruturas, formas e cores e, se a natureza não contemplasse em suas premissas básicas a tolerância, ela seria intensamente autodestrutiva, vorazmente entrópica e cruelmente violenta.

 

No entanto, apesar da natureza preceder o surgimento do ser humano por milhões e milhões de anos e, o ser humano estar vagando por estas terras como pelos últimos 100-200 mil anos, parece que as pessoas têm alocado pouco tempo e pouquíssima cognição para aprender tão cruciais e evolutivos ensinamentos.

 

E, no transcurso do tempo, com o surgimento de comunidades e sociedades, também foram inventadas instituições para representar diversas parcelas da sociedade, como governos, religiões, autarquias, empresas, etc.

 

Estas, em essência, deveriam ser as primeiras organizações humanas a compartilhar os pródigos ensinamentos da natureza, no entanto, infelizmente, em muitos casos parecem ser as primeiras a agir de forma não natural e desumana, por exemplo, a intolerância religiosa, seja contra fenômenos naturais, seja contra outras crenças, seja contra escolhas pessoais, seja contra a ciência, é um dos mais perniciosos e trágicos acontecimentos da história humana. Na verdade, não existe nada de humano nisto, muito menos de divino.

 

Por outro lado, os governos que deveriam centrar suas atividades no bem-estar social e no desenvolvimento econômico e intelectual da comunidade, tornou-se um covil de egocêntricos indivíduos que, irresponsavelmente, abusam e distorcem seus poderes buscando simplesmente benefícios individuais e, como consequência, ignoram deliberadamente as necessidades sociais.

 

Enquanto isto, estas duas entidades, para que não sejam centro de questionamentos por seus desumanos atos, promovem a segregação, a intolerância e a animosidade entre as pessoas, as quais, por inocência e ignorância, deixam-se jogar de um lado para outro, como marionetes de uma nefasta peça teatral e, em suas pueris visões, aceitam as imposições e se jogam violentamente em efêmeras, patéticas e desalmadas batalhas.

 

Em outras palavras, neste contexto, todo o entorno social vive sob a errônea influência de selvagens e destrutivos dogmas e, como consequência, encontram-se num invólucro que não os permite observar os sublimes e permanentes ensinamentos da natureza como a tolerância e a diversidade, os quais deveriam ser, ou melhor, são as bases para que a sociedade viva de uma maneira mais harmônica, mais evolutiva e mais construtiva.

 

Desta maneira, oxalá tenhamos a lucidez de voltar ao que é natural, ao que está em conexão com a nossa essência e ao que nos brinda o direito de sermos simplesmente humanos. 

 

PS: Para citar este Tolerante Pensar: 

Cargnin dos Santos, Tadany. In-Tolerâncias Nossas de Cada Dia.