Neste quadro, que não me enquadro
Me encarcero, me desespero, me desterro
Tão bonita moldura, me tortura, que loucura
Suas cores, meus temores, minhas dores
Pendurado numa parede hostil e deserta, quanta sede
Suas pinturas enganosas, tenebrosas, desgostosas
Suas imagens petulantes, desconcertantes, escalofriantes
Quem me impôs este quadro, maltratado, desgraçado?
No entanto, ele parece caber em mim, docemente
Mas eu não caibo nele, me sinto doente
Como quebrar esta moldura que me aprisiona,
Para abrir esta consciência, ampla como uma sanfona?
Ainda não tenho respostas, mas as dúvidas estão expostas
E o medo da dor da mudança, já partiu, doce pujança
Então, entre lágrimas e sorrisos, meu mundo reviso
Pois agora estou consciente, de que neste quadro, não mais me enquadro.