Então, desnorteado com o fato de que Deus e a Deusa haviam abandonado sua casa, sua divina residência, seu santificado lar, ele resolveu dar uma caminhada no meio da natureza para arejar os pensamentos e para tentar entender aquela surreal situação e, durante a caminhada, observou ao longe três pessoas preparando a terra para ser semeada, o que não lhe chamou muito a atenção visto que seguia estarrecido com sua realidade.
No entanto, quando se acercou deles, notou que tanto Deus quanto a Deusa estavam trabalhando junto ao campesino.
Aquilo para o Sacerdote parecia uma miragem, algo irreal que, provavelmente, estava sendo imaginado por sua desorientada mente.
Mas não era, pois quando chegou bem perto, claramente lá estavam com seus corpos suados, suas roupas cobertas de terras e suas respirações ofegantes pelo esforço, Deus e a Deusa.
Os quais, quando viram o Sacerdote, lhe deram um afável sorriso, pois notaram a evidente expressão de transtorno que ele trazia e, antes mesmo que ele falasse alguma coisa, Eles docemente disseram que o papel da divindade é trabalhar ao lado de seus devotos, pois são as benevolentes e construtivas ações dos devotos que realmente manifestam a divindade que eles representam.
Assim, naquele revelador instante, o Sacerdote entendeu a Palavra e, ao entendê-la, também compreendeu o significado da divina ação que todos carregam em suas essências e, ao estar lucidamente ciente da magia da manifestação e o exemplar papel de Deus e da Deusa, arregaçou suas mangas e pôs-se a trabalhar com eles, no sublime templo da vida.
PS: Para citar esta história: Cargnin dos Santos, Tadany. Deus e a Deusa Abandonaram o Templo.