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CLINT

Me sinto entrando num boteco enfumaçado, com mesas ocupadas por sujeitos asquerosos e aquela trilha sonora do Ennio Morricone, com assovio e clarinete.

Sou o Clint Eastwood, com duas pistolas Colt 44 na cintura e uma cigarrilha mexicana, dependurada no canto da boca.
O garçom grita:
– Senhor, não pode fumar aqui!
– Foda-se!
Na mesa de pôquer roubo de todos e apago minha cigarrilha na testa do garçom, enquanto ele me paga os dólares que ganhei.

Levanto-me e arrasto minhas esporas até a porta vai-vem do boteco, detonando, a tiros, dois maus perdedores na escada de madeira.

Adentra o recinto Lee Van Cleef, todo de preto, com sorriso cínico e aquela cara de galinha assassina. Fodeu!

Até o Ennio Morricone mudou a trilha sonora.
– Saia!

Podia ser um vestido, mas uma saia, caraleos?

Saio pra rua, jogo meu pala quadriculado no ombro e aguardo o facínora no meio da rua.
Já estou aqui há meia hora e o cara não sai.

Melhor cavalgar com meus dólares, amanhã volto. Ninguém pode me chamar de bundão, ah, não.

Volta o Morricone pra eu ir embora. Foda-se!

O Clint está velho e eu não posso mais frequentar os bares da Cidade Baixa, em Porto Alegre.

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