Ainda no embalo das festas, me embrulho no manto sagrado do arrependimento e faço uma última consulta à minha autocrítica.
As respostas não são lá muito animadoras, considerando que minha autocrítica anda meio esculhambativa, ultimamente, e me manda procurar a beleza interior das pessoas e ser mais amigo da fauna ao redor, sem contar as indiretas pra eu deixar de ser engraçadinho e levar as coisas mais a sério. É sério!
Bom, vou começar com a busca da beleza interior do próximo. Não, não, melhor da próxima, a pobre próxima.
Acharei uma namoradinha que tenha uma boca tão enorme que quando bocejar eu exclame: “Que lindo esôfago, amor!”.
A fauna já tem o meu carinho e admiração que dedicarei mais ainda às gatas e cachorras. Mesmo com a moral meio roída pelos dentes pontiagudos de lambisgóias e arranhada pelas sirigaitas, consigo manter minha paz interna sem precisar abrir a Espuma de Prata que ganhei do meu amigo secreto, o Prepúcio, mandalete aqui do prédio.
Ainda não consegui descobrir se as lambisgóias e sirigaitas pertencem à fauna ou à flora; algumas comportam-se como vacas, outras que nem trepadeiras, dão em sacadas ou quaisquer lugares em que possam se apoiar.
Fica até bonito uma trepadeira verdejante numa sacada, grande sacada!
Mas a pior das recomendações é a da seriedade, essa é demais! Levar as coisas a sério vai ser difícil pois o mundo é uma piada, amigos e amigas!
Nós vivemos numa constante e mal-feita piada. Sabe aquela que é ruim e o cara que vai contá-la é pior ainda? Ele ri do começo ao fim da piada e aí tu dá uma risadinha de consolação no final pra evitar que ele conte de novo, pelamordedeus!
Pois é, levar a sério tudo isso vai ser jogo duríssimo, mas vamos lá, que hoje ainda tem porco, farofa e lentilha. Melhor: rapidilha, de lenta não tem nada, descuidou, queimou!
Boa tarde, depois retorno ao convívio com vocês, bandalhos e bandalhas queridos.