Quis aprender sobre a divina essência, sobre a deífica manifestação e sobre o sagrado viver, então eles
Disseram-me que antes de poder ver, era necessário encontrar a harmonia interna e discernir sobre as efêmeras situações do quotidiano
Profetizaram-me que antes de poder ouvir, era preciso distinguir os vorazes ruídos que assolam a vida hodierna da excelsa brisa que tudo permeia
Contaram-me que antes de poder sentir, era essencial remover a poeira condicionante que se acumula incessantemente sobre a estrutura externamente
Falaram-me que antes de poder saborear, era indispensável purificar o paladar das máculas que as frívolas palavras impregnam
Relataram-me que antes de poder inalar, era imperativo desembaraçar os alvéolos das nefastas manchas do impuro ar que vaga nas mesquinhezes coloquiais
Tudo isso, muito profundo, veraz e revelador, eles me disseram
No entanto, eles se esqueceram de me ensinar que
Nas dores da desarmonia, Teu coração sofria, mas seguia compassivo e altruísta
Nos tenebrosos ruídos do dia-a-dia, Teus ouvidos doíam, mas seguiam naturalmente irrepreensíveis
Na sufocante poeira em que muitos se agoniam, Tua pele ficava imunda, mas seguia imaculada
Nos dissabores da verborragia insensata, Teu verbo estremecia, mas seguia cândido e nobre
Nos maus odores da inércia espiritual, Teu ar se engasgava, mas seguia soprando moléculas de força e de ânimo
E assim foi, após o entendimento destas naturais revelações que o irrevogável simbolismo da manifestação se tornou claro e lúcido
Ah Essência Divina!!!
Obrigado por revelar-me que a Onipresença não é dual ou múltipla, mas sim una, absoluta, imortal e ilimitada
E que onde Tu aparentemente não estás é porque a ignorância pessoal ainda impede a inigualável visão de Tua Ubiquidade.
PS: Para citar este Poema:
Cargnin dos Santos, Tadany. A Essência Divina.