Existe algo de artificial na incerteza, pois ela impõe uma desnecessária urgência na vida que, por si só, tem um ritmo natural, compassado e harmonioso. Assim sendo, penso que a incerteza seja o antídoto do que é essencial e espontâneo, como por exemplo o desabrochar das flores, o período de maternidade, o nascer do sol e as estações do ano.
Quando observamos uma planta nova, inexiste nela a incerteza de seu desabrochar e, portanto, também está desprovida de pressas para chegar à sua plenitude. Como consequência, em sua índole congênita e programada, ela espera que a seiva se espalhe por suas veias e lhe brinde robustez e crescimento, independentemente das possíveis tormentas, secas ou outras intempéries que o ambiente possa apresentar, ou seja, a certeza de inexistência da incerteza de sua evolução, lhe uma brinda uma inerente paciência, uma inquebrantável serenidade e um equilíbrio fundamental para que, quando o momento é chegado, ela possa florescer e dar frutos.
Da mesma maneira, é a vida pessoal, onde é preciso entender o ritmo individual, compreender a riqueza da seiva pessoal e saber sobre o momento oportuno de florir, enquanto isto, certo do absurdo que a incerteza tenta impor nos próprios sentimentos, é lúcido e necessário ter suavidade para observar, integridade para seguir desenvolvendo-se e paciência para deixar que o ciclo individual cumpra com seu predeterminado movimento até que as fragrantes flores e os deliciosos frutos se manifestem na majestosa e abundante jornada da vida, certos de que incerteza, não é uma certeza no desabrochar anímico individual visto que ele é artificial, enquanto que a ascensão é natural.