No Centenário de Leonel Brizola, nada mais convincente e curioso ouvir uma história do atinado e inteligente advogado Iberê Teixeira. Autor de importantes obras literárias é ele que nos conta uma passagem do ex governador Brizola, narrada em seu livro “A Metralhadora e a Rosa”.
Brizola adorava uma Rádio. No episódio da Legalidade, em 1961, ele enfrentou os militares com um microfone na mão, e venceu. Nas entrevistas, era ele quem ditava a pauta: o repórter insistia sobre um assunto, mas Brizola respondia sobre aquilo que lhe interessava discorrer. Um dia eu estava junto quando o Deco Almeida gravou uma entrevista com ele. Calejado e experiente, Secretário de Imprensa em São Borja, o Deco sempre teve uma visão extraordinária sobre a política. O diálogo com o Dr. Brizola corria solto até o Deco investir numa pergunta incômoda: “Dr. Brizola – indagou – quando o senhor morrer, o senhor deseja ser enterrado em São Borja?” Ante a pergunta, Brizola não perdeu a serenidade, e retrucou pausadamente: “Olha, meu caro repórter, em primeiro lugar eu não estou pensando em morrer. E depois, veja bem, o senhor é um jovem … mas até acho que o senhor vai morrer primeiro que eu. Compreendeu?