Com frequência, carregamos um fardo que não deveria ser nosso. Um peso pesado, exagerado, desafortunado.
E o interessante desta carga é que a gente escolhe transportá-la e, mesmo inconscientemente, a levamos para todos os lados, seja para o trabalho, para escola, para casa, ou para qualquer atividade de lazer e interação que participamos.
Esse peso é o fardo disparatado de querermos continuamente ser vistos como alguém exitoso, inteligente, admirável, amoroso, caridoso ou qualquer outra atitude que, em determinados momentos, acreditamos que seja valoroso ser visto de tal maneira.
Mas não seria a vida mais leve e mais autêntica se não nos impuséssemos tão surreal demanda?.
Não seria mais natural sentir-se bem simplesmente pelo fato de existir?.
Sinceramente, às vezes, acho que deveríamos exaltar nossas conhecidas desimportâncias, ou nossos desimportantes desconhecimentos.
Em outras palavras, deveríamos fazer elogios, até com certa eloquência, de nossas insignificâncias.
Deveríamos nos gabar do inalienável fato de beirarmos ao nada no grande esquema das coisas. Fazer um louvor à arte de ser uma bugiganga frágil e fútil na galeria do viver.
De ser uma trivial, repetitiva e arrítmica ladainha na sinfonia da vida.
Um panegírico consciente de que do pó viemos e ao pó todos regressaremos.
Ahh! E se assim fizéssemos, que alívio sentiríamos, uma imediata e libertadora catarse se apoderaria de nossos pensamentos, pois imediatamente toda aquela irritante e desconfortável carga que esmaga, que exprime e que cansa, por estarmos sempre querendo impressionar tudo e a todos, desapareceria quase que totalmente e, na sua ausência, teríamos uma presença mais despreocupada, menos demandante, menos julgadora, mais tolerante e, acima de tudo, mais alegre, mais carinhosa e mais amorosa.
Então, vez que outra, pelos lúcidos benefícios destes pensares, vale a pena dançar, cantar e celebrar a glorificação de nossas ordinariedades, a divinização de nossas desimportâncias e a apoteose libertadora de nossas insignificâncias.