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Eleições americanas em tempos de pandemia por Eloi Ritter

Ainda imersos na pandemia de coronavírus, com mais de 6 milhões de casos, os EUA se deparam, em novembro próximo, com as eleições presidenciais. De um lado, o atual presidente e candidato à reeleição pelo Partido Republicano, Donald Trump, secundado por Mike Pence. De outro lado, o candidato pelo Partido Democrata, Joe Biden, anterior vice-presidente de Barack Obama. Com vistas a conquistar votos do eleitorado negro e asiático, Biden convidou a senadora Kamala Harris, filha de pai jamaicano e mãe indiana, para ser sua vice-presidente.

O sistema eleitoral dos EUA é mais complexo do que o brasileiro. Aqui, não se vota no candidato, mas em representantes locais – chamados delegados – que se comprometem a apoiá-lo no Colégio Eleitoral, formado por um grupo de 538 representantes, que se encontra uma vez a cada quatro anos para escolher o presidente. O candidato deve obter a maioria absoluta de 270 votos no Colégio Eleitoral para ser eleito.

Cada estado americano tem direito a um determinado número de delegados, proporcional à representatividade no Congresso. O candidato que vence a eleição popular em um estado, leva todos os delegados daquele estado no Colégio Eleitoral. Por isso, a disputa presidencial americana é uma batalha feita de estado em estado. Ao contrário do Brasil, nem sempre o vencedor no voto popular conquista o posto, como aconteceu nas eleições de 2016, em que Hillary Clinton teve quase três milhões de votos a mais do que Trump, mas perdeu no Colégio Eleitoral.

De forma generalista, pode-se dizer que os eleitores democratas vivem em grandes cidades, são mais progressistas e costumam ser ativos politicamente. Os eleitores republicanos, por outro lado, vivem em cidades do interior, são mais conservadores e formam uma massa silenciosa que raramente se manifesta publicamente. Contudo, quando o fazem, apoiam Trump de forma incondicional e repetem o seu lema “Make America Great Again” (“Faça a América Grande Novamente”).

Evidentemente, é difícil prever o resultado das eleições. Trump se desgastou devido ao modo como tem conduzido o combate à COVID-19 e também como gerenciou os protestos sociais decorrentes da morte de George Floyd, cidadão negro asfixiado por um policial branco em maio passado. De qualquer maneira, continua apoiado por um eleitorado fiel que o idolatra. Por sua vez, Joe Biden conta com o apelo popular relacionado à figura de Obama, primeiro presidente negro americano, e tenta reproduzir sua mística com a escolha de Kamala Harris. Contudo, pesam contra Biden sua idade avançada (com 77 anos, seria, se eleito, o presidente mais idoso da história americana) e denúncias de assédio sexual contra funcionária do Senado.

O Brasil, historicamente, tem mantido relações mais estreitas com governos republicanos, desde a “química” improvável entre Lula e George W. Bush até a atual parceria Bolsonaro-Trump. Em novembro, saberemos para qual lado o pêndulo norte-americano penderá. A sorte está lançada.

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