O pessimismo e o egoísmo, com frequência, andam de mãos dadas. Docemente apaixonados. Mutuamente inspirados.
Por um lado, o egoísmo enfatiza a ideia de sentir-se o centro do universo. O ponto focal onde todas as outras variáveis direcionam-se para seguirem vivendo, o oceano que abraça todos os rios que nele desembocam, o que é uma desproporcional pretensão, uma absurda soberbia ou uma enganosa ilusão.
No outro lado, o pessimismo observa um mundo conspirador, ameaçador e indecoroso, o qual é uma junção nefasta de forças cujo único intento é dolorosamente impactá-lo. Esta é uma exagerada visão onde o ser uma impotente vítima é o vórtice ao redor do qual tenebrosas forças giram. Deveras, outra inocente jactância individual, desproporcionada e centradamente hiperbólica.
Quando estas duas excessivas essências se encontram nalguma esquina da vida, a ênfase exacerbada no “eu”, seja o eu foco das atenções, ou o eu foco das opressões, conduz à uma inquestionável ideia de que o mundo existe como consequência da existência deste eu. O eu admirável, ou o eu sofrível. Este interessante, e quase corriqueiro encontro, é o pináculo da mesquinhez, da pequenez e da arrogância humana.
Enquanto isto, quando a imperativa realidade demonstra a tolice de qualquer egocêntrica premissa, o ser “ego”ista colapsa, sofre, lamenta e retira-se e, ao fazê-lo, mesmo sem saber, ele gentilmente abre às portas para o criativo, o sagaz e o imperioso pessimismo que, em sua entrópica natureza, é a causa de sua própria falência existencial.
E, assim segue ambos, docemente tão apaixonados e conectados que, quando um não está, o outro se manifesta.
Deveras uma infecunda realidade que, ora é uma péssima insensatez, ora é uma egocêntrica inverdade.