A prisão mais segura, mais árdua e mais perigosa que existe é aquela que a gente imagina, que a gente constrói e que a gente mantem em nossas mentes.
Ela é tão segura que nos assegura um quotidiano miserável, tedioso e limitante.
Ela é árdua porque cria obstáculos e barreiras que retrasam ou impedem a nossa natural expansão.
E ela é perigosa porque imagina mundos que não são condizentes com o processo essencial de nossas evoluções.
Quantas vezes a gente limita a nossa própria caminhada?.
Quantas vezes dizemos não aos nossos próprios objetivos?.
Quantas vezes desistimos muito antes de tentar?.
Quantas vezes paramos na metade do caminho?.
Quantas vezes o medo foi maior que a coragem?.
Quantas vezes adentramos num lamacento vale de autojulgamentos, culpas e tristezas?.
Quantas vezes temos em nossas mãos a chave que abre as grades de nossas nefastas prisões e a jogamos fora ao invés de abrir a porta e sair correndo?.
Quantas vezes achamos que não somos o suficiente, que não temos valor e que não somos capazes?.
Quantas e quantas e vezes nos autoflagelamos, nos auto excluímos e nos auto destruímos, cruelmente e sem misericórdia?.
Quantas, quantas, quantas vezes será que teremos que assistir a este horrendo filme para que despertemos deste disparate que é a nossa auto imaginada, auto construída e auto mantida prisão?.
A resposta a tantas perguntas fundamentais é incerta, às vezes obscura, outras vaga, mas sempre pessoal, pois cada ser é sua própria imaginação, sua própria construção e sua própria prisão.
Independente disto, é crucial levantar tais questionamentos, pois apesar das dolorosas respostas que podem aparecer, a ciência de suas existências é o primeiro passo para dar início a destruição das cerceadoras grades, das frias paredes e dos tenebrosos corredores que, por qualquer razão que seja, um dia no passado foram levantadas, mas que agora, neste momento, neste segundo, neste despertar de tão indesejável pesadelo, decidimos derreter suas grades, derrubar suas paredes, caminhar livres por seus corredores, chegar ao portão de saída, dar o tão desejado passo para fora, olhar para trás e ver um lugar que não mais voltaremos.
Uma despedida daquilo que um dia foi, mas já não mais é, pois hoje somos outros, hoje somos renascimento, hoje somos liberdade e, acima de tudo, hoje somos o início da caminhada que, no fundo da alma, sempre desejamos trilhar.