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SERINGUEIRA

A lourona atravessou a rua arrastada por dois pequenos guaipecas garnizés com a fúria das montanhas!

Se ela espirrasse, os botões da sua calça jeans estourariam e abateriam o primeiro transeunte infeliz levando-o a óbito, sem dúvidas.

Atravessou e parou, dedo em riste, viste? diante de um mastodonte desses que tem as orelhas parecidas com roscas de polvilho grudadas na cabeça, lutador de FHC – é FHC, sim! – e desancou-lhe variados impropérios em altos brados retumbantes salve salve.

Achei interessante a cena e fiquei observando de longe, é claro, pois não tenho minha pele pra negócios.

O grandão não conseguia sair do ‘te acalma, Marlene!’ mas a Marlene era uma metralhadora de desaforos.

Pelo que entendi, ele saiu pra treinar ontem e hoje ainda estava bandeando pela Cidade Baixa e afins, embalado pelas festas de Momo, eu acho.

Olha, não lembro de ter passado por tamanho constrangimento em público, salvo aquele cutucão com ódio, em alguma festa, tipo ‘quem sabe tu pára de olhar praquela puta assanhada aí do lado, hein? Espera chegarmos em casa pra tu ver!’, mas um esculacho na rua, nunca! Discrição, por favor.

Algumas mulheres, quando furiosas, se transformam em verdadeiros mísseis desgovernados e podem detonar na cabeça de qualquer ente mais próximo, pude observar isso ao longo dos anos. Em botecos, biroscas e similares é frequente esse tipo de cena. O borracho se enturma, o papo se derrama goela afora e a cachaça goela adentro e a patroa chega pra lembrar que infeliz tem casa, filhos, contas a pagar e aquela ladainha toda que constrange o indivíduo e alegra os parceiros, que se divertem com a esculhambação.

Então cuidado, meliantes, não despertem a ira divina das parceiras – no carnaval elas ficam de olho, de olho – e passem o feriado na paz celestial de um jogo de canastra ou um víspora com a turma da Tia Cantídia, ok?

Bom feriado pra vocês, gurizada medonha, divirtam-se mas escolham bem.

Ah, o título, já ia esquecendo que eu falava pro meu filho, o Lobo, que seringueiras davam seringas, usadas na área da saúde, mas ele não acreditava muito. Ainda bem.

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