Fui corrido da cama por furiosas enfermeiras pintadas para a guerra e ululando como comanches ao redor do poste dos martírios.
Houve necessidade porque chegou um pessoal de manutenção pois estourou um cano, no pátio, um imprevisto. Sem problemas.
Já passei por situações mais delicadas, como quando saí não lembro de onde, de uma festa não lembro de quem, ao raiar do dia que não sabia qual. Parecia domingo e eu estava visivelmente embriagado, abraçado numa menina que, quando sorria parecia um carro de bombeiros: tudo vermelho, não tinha um dente.
Parado na parada de ônibus agarrado na barra do teto da guarita, pois a menina banguela agora sumiu, gente!
Eu falo um pouco no pretérito perfeito, outro pouco no presente, daqui a pouco vou pro futuro do subjuntivo e azar, vocês estão entendendo, isso é o que importa!
Agora eu, visivelmente embriagado, na parada de ônibus. Chega o veículo e eu subo, adentrando aquela tralha sacolejante e descubro que era dia útil, sete e meia da manhã o ônibus cheio só podia ser dia de semana, aquele monte de vagabundos indo trabalhar, que pouca vergonha!
Resmunguei que queria tomar uma cerveja e o cobrador falou: a essa hora? respondi: com sucrilhos! Ah, bom!
Em pé, me agarrando em tudo que parecesse firme, tirando um brigadiano de uns dois metros de altura me olhando com cara de poucos amigos.
Eu precisava sentar, senão vai acontecer algo xarope, tipo eu vomitar aquela coisa fedida, que sai das tripas dos caras visivelmente embriagados, que nem eu.
Logo atrás do motorista, no corredor, uma veneranda senhora de uns setenta anos, grudada com as duas mãos numa bolsinha de camurça.
Fiquei de olho nela e me aproximei, ficando ao seu lado, em pé. A mulher fingiu não me ver e olhava lááá pra fora. Achei que ela seria educada e me cedesse a poltrona.
Que nada, a velhota nem ligava. E eu, visivelmente embriagado, ao invés de receber apoio daquela galera, só recebia olhares de reprovação. Mas quando fingi que ia vomitar no colo da velhota ela voou daquela poltrona e eu sentei, muito feliz. Visivelmente embriagado, ainda!
E, olha que naquele tempo os cara batiam em bêbado, menor, cachorro, tudo que aparecesse pela frente. Hoje em dia se baterem num borracho, a ONG dos bêbados faz um carnaval que será ouvido lá em Cuba!