SINAIS DOS NOVOS TEMPOS

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Nos Estados Unidos, oito dos dez maiores jornais já deixaram de existir na versão impressa. Inclusive o influente ‘The New York Times’ sumirá no papel a partir de 2020. Já possui, hoje, tiragem cinco vezes maior no formato digital. E este, é claro, não é apenas um fenômeno norte-americano. É uma guinada planetária. Não é por acaso que os dois maiores jornais do Rio Grande do Sul migram, gradativamente, para plataformas digitais, em nome da racionalização, tirando o emprego de profissionais do meio. O leitor também vem seguindo a reboque dessa tendência, que parece inexorável. É, portanto, o sinal dos novos tempos.
O jornalista Ethevaldo Siqueira – um especialista em avanços tecnológicos e digitais – é enfático e contundente em suas previsões. Projeta que, em pouco mais de uma década, algumas categorias profissionais desaparecerão ou serão forçadas a novos perfis. Jornalistas, advogados, engenheiros e administradores estão entre os exemplos que cita. As tarefas serão delegadas a robôs ou instrumentos de inteligência artificial. E com rapidez bem maior e mais eficácia, garante Ethevaldo. É o que se convenciona definir como a era da pós-verdade, da pós-modernidade.
É nesse ambiente, e já calejado pelos anos, que recebo o honroso convite do colega Deco Almeida para, no seu conceituado site, exercitar minha condição de escriba. Também entre nós, como se vê, as mídias digitais e sociais são um caminho sem volta. O desafio que se põe é o uso adequado desse poderoso instrumento. Se, por um lado, os novos meios deram voz a quem não tinha, de outro lado estabelece-se o paradoxo de igualar condições entre quem tem de sobra e quem não tem quase nenhuma condição para penetrar pela porta escancarada da liberdade que se apresenta.
O psiquiatra Jorge Forbes considera vertiginosos os avanços e mudanças das últimas décadas. Na sua avaliação, nos últimos 30 anos o mundo evoluiu mais do que nos três mil anos anteriores. De fato, basta um rápido exercício comparativo, e não é difícil constatar o que tem mudado nas nossas vidas.
Valores e práticas que eram consagrados como definitivos viraram ruínas. Sintonizar-se à velocidade de tantas mudanças é um desafio que se impõe às diferentes gerações. Tudo se vê relativizado e nós, enquanto teia desse tecido social, precisamos nos adaptar e assimilar as verdades e pós-verdades do tempo de agora. Com o cuidado de que não virem pré-mentiras. Nesses novos tempos, ainda, todo cuidado é pouco com ataques cibernéticos de hackers, protagonistas não do terrorismo do EI, por exemplo, mas do terrorismo digital!